A investigação vai concentrar-se em "superar as principais limitações da imunoterapia", especialmente em tumores sólidos, com o propósito de conseguir que este tratamento seja usado para combater tumores malignos, refere, em comunicado, o i3S.
A imunoterapia baseia-se na estimulação das células do sistema imune -- linfócitos T -- para as tornar "mais eficazes no combate às células tumorais", ao contrário da quimioterapia e radioterapia, que atacam as células malignas e muitas vezes as células saudáveis em redor.
"Apesar de nos últimos anos a imunoterapia ter revolucionado o tratamento do cancro, existe uma percentagem significativa de doentes com cancro que ainda não responde a estes tratamentos, sobretudo quando se trata de tumores sólidos", indica o instituto.
Citada no comunicado, a investigadora Salomé Pinho afirma que, no caso do cancro colorretal "apenas uma minoria de doentes (4 a 5%) beneficia da imunoterapia e, mesmo assim, nem todos os doentes respondem".
Face à necessidade de alargar este tratamento a um maior número de cancros, a equipa liderada por Salomé Pinho vai estudar "de que forma os glicanos [estruturas complexas de açúcares] à superfície das células T poderão atuar como um novo mecanismo de regulação que estimule a atividade destas células do sistema imune no combate ao cancro".
Combinando amostras de doentes com cancro colorretal e abordagens 'in vitro' e 'in vivo', os investigadores vão estudar "o poder da glicoengenharia dos linfócitos T como uma nova estratégia para potenciar a sua eficácia contra o cancro".
"Vamos estudar como e por que razão ocorrem alterações na composição dos glicanos das células T ao longo do desenvolvimento do cancro colorretal, desde condições pré-malignas até ao cancro, explorando como estas alterações da glicosilação travam a ação das células T na lutra contra o tumor", esclarece Salomé Pinho.
Segundo a investigadora, a longo prazo, o objetivo é modular os glicanos das células T para aumentar a atividade antitumoral dos linfócitos T e, consequentemente, a eficácia da imunoterapia celular.
A investigação, que conta com a participação de cientistas dos Estados Unidos, Alemanha e Suiça, será desenvolvida em colaboração com o serviço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar e Universitário do Porto e do IPO-Porto.
O projeto é financiado pela Fundação Mizutani para a Glicociencia, organização japonesa sem fins lucrativos criada em 1992 e dedicada à promoção de estudos de investigação para descodificação do papel dos glicanos e da glicobiologia.
Leia Também: Novo teste pode prever cancro colorretal cinco anos antes dos sintomas