"Temos cerca de 900 estudantes deslocados. Neste momento, a nossa oferta de alojamento é um pouco menos de 400 lugares. Vamos acrescentar 270 lugares. Naturalmente que isto não supre todas as necessidades, mas temos criado alternativas para os estudantes que ficam de fora", afirmou, em declarações aos jornalistas, a reitora da Universidade dos Açores, Susana Mira Leal.
A reitora falava à margem do lançamento da primeira pedra da construção da residência de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.
Instalada dentro do campus de Angra do Heroísmo da Universidade dos Açores, a residência terá capacidade para acolher 100 alunos, com 48 quartos duplos e quatro individuais para pessoas com mobilidade reduzida.
Na terça-feira será lançada também a primeira pedra da obra da residência universitária da Horta, na ilha do Faial, e até ao final do mês deverá ser lançada a de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel.
No total, está previsto um reforço de 270 camas (50 na Horta, 100 em Angra do Heroísmo e 120 em Ponta Delgada), nas três residências, que terão de estar concluídas até março de 2026 para que a academia possa aceder às verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Susana Mira Leal acredita que a melhoria das condições de acolhimento de jovens deslocados dará um contributo para que mais alunos ingressem na Universidade dos Açores.
"O nosso objetivo, com estas residências universitárias, mas não só, é criar condições para reforçar a nossa capacidade de atratividade dos estudantes, também aqui no polo de Angra", apontou.
Além das vagas em residências universitárias, a reitora lembrou que existem "protocolos com entidades privadas para acolher estudantes bolseiros" que ainda não esgotaram a sua capacidade.
No campus de Angra do Heroísmo, a academia pretende abrir novos cursos de licenciatura e de formação técnico-profissional.
Quer também, já a partir do próximo ano letivo ou do seguinte, dar "autonomamente e na íntegra" o curso de medicina veterinária, que atualmente é lecionado apenas nos primeiros dois anos em Angra do Heroísmo, sendo os seguintes lecionados na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.
"Para isso é preciso a criação de um hospital veterinário aqui em Angra. Estamos a trabalhar já nesse projeto", revelou a reitora.
Questionada sobre a possibilidade de ser reaberta a licenciatura em gestão, que tinha elevada procura em Angra do Heroísmo, Susana Mira Leal afastou para já esse cenário.
"A nossa Escola Superior de Tecnologias e Administração criou um curso técnico superior profissional de dois anos para funcionar em Angra, na área da gestão e assessoria, que pensamos que corresponde aos anseios e necessidades que podemos neste momento suprir neste polo", adiantou.
A Universidade dos Açores candidatou-se ao programa nacional de alojamento estudantil, em 2022, para construir três residências universitárias nas ilhas em que tem campus, mas o financiamento da primeira fase esgotou-se e a academia açoriana não foi abrangida.
Com a reconfiguração do PRR, a Universidade dos Açores foi abrangida neste programa, no entanto, o financiamento previsto não era "minimamente adequado nem suficiente para o custo de construção na região".
"O financiamento andava à volta dos 38 a 40 mil euros por cama. Na região tínhamos a estimativa de que nunca seria inferior a 65 mil euros e chegaria a 90 mil na Horta", explicou Susana Mira Leal.
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior reforçou em 20% as verbas para os Açores e para a Madeira, mas ainda assim foi necessário um apoio dos municípios onde serão instaladas as três residências para assegurar a viabilidade das obras.
A residência de Angra do Heroísmo terá um custo de 5,2 milhões de euros (mais IVA), a de Ponta Delgada de 6,3 milhões (mais IVA) e a da Horta de 4 milhões (mais IVA).
O município de Angra do Heroísmo apoiará a Universidade dos Açores em 900 mil euros, o de Ponta Delgada em 1 milhão de euros e o da Horta em 600 mil euros.
Em Ponta Delgada e na Horta, parte da obra terá de ser assegurada por fundos próprios da academia açoriana.
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