"Devíamos estar a definir uma linha sobre o que vamos fazer em 2025" em relação à língua azul "e a pensar no planeamento para a distribuição das vacinas e isso devia estar a ser feito agora em fevereiro", afirmou à agência Lusa o dirigente.
No final da reunião do Conselho Consultivo Regional da CAP dedicado ao Alto Alentejo, em Évora, Álvaro Mendonça e Moura alertou que o tempo escasseia, pois "à medida que a temperatura sobe, a circulação do vetor [transmissor da doença] aumenta".
"Convém não repetirmos o que se passou no ano passado", quando houve "uma grande desorientação das pessoas por não saberem muito bem por que via seguir" para enfrentar a doença da língua azul, advertiu.
Assinalando que "há mais do que uma via técnica para combater a doença", Mendonça e Moura considerou que "é preciso que haja uma linha comum a todo o território e isso tem que ser feito agora, não quando o vetor estiver em plena circulação".
O responsável referiu que, este ano, o país vai "voltar a ter língua azul com novos serotipos", apontando a necessidade de o ministério "disponibilizar atempadamente e comparticipar as vacinas" contra a doença.
O presidente da CAP insistiu que a medida anunciada pelo Governo para compensar os produtores que perderam efetivos por causa da doença "está francamente mal desenhada", porque "deixa de fora praticamente a totalidade dos produtores pecuários".
"E não é só isso, também não compensa a perda que houve com os abortos e, portanto, vai ter que ser revista para compensar todos os produtores pecuários", sublinhou, admitindo que a tutela já possa estar a estudar novas soluções.
Nas declarações à Lusa, o dirigente solicitou igualmente ao Ministério da Agricultura que os produtores prejudicados pela língua azul não o sejam também "em sede de PEPAC [Plano Estratégico da Política Agrícola Comum]".
"É fundamental que o ministério tenha atenção para evitar uma segunda epidemia, no sentido da repetição do prejuízo", vincou, defendendo que os produtores não devem ser prejudicados no âmbito PEPAC por não terem os animais que morreram com língua azul.
Quanto a outros assuntos abordados na reunião, Mendonça e Moura disse que e os agricultores no Alentejo reconhecem "uma inversão muito positiva em relação ao discurso agrícola do anterior governo".
"Só que isto não está ainda a ter tradução no terreno, porque os organismos do ministério não estão a dar a resposta necessária e em linha com o que o ministro tem vindo a enunciar para a política agrícola", realçou.
"Pelo menos, nós não a vemos", prosseguiu o dirigente agrícola, dando conta da existência de "uma grande insatisfação dos agricultores com o funcionamento da máquina".
Os furtos de cortiça na região, a necessidade de policiamento mais eficaz, sobretudo, junto dos recetadores e a atribuição de apoio à produção de porco alentejano foram outros dos temas em cima da mesa na reunião em Évora.
A febre catarral ovina ou vírus da língua azul já matou mais de 37.000 ovinos e afetou 1.800 explorações, num total de 118.607 infetados, segundo dados da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) enviados à agência Lusa em janeiro.
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