O Governo Regional dos Açores não foi notificado para exercer o direito de preferência sobre os terrenos em redor do Poço da Ribeira do Ferreiro, na ilha das Flores, que estão no centro de uma disputa entre os habitantes e o casal de estrangeiros que os comprou.
A venda de terrenos em áreas protegidas obriga à notificação das entidades públicas, algo que, segundo o Açoriano Oriental, não aconteceu no caso das terras que estão envoltas em polémica, cuja transação ocorreu em 2017.
Ao Notícias ao Minuto, na semana passada, o presidente do Conselho de Ilha das Flores, José António Corvelo, questionou se o direito de preferência do terreno, adquirido agora pela Associação Cultural Choki Açores, teria ser respeitado, o que, assegura agora o jornal regional, não aconteceu.
À publicação, um jurista garantiu que "sendo um terreno localizado numa área de Paisagem Protegida, tanto o Governo Regional dos Açores como a Câmara Municipal das Lajes das Flores teriam de ser notificados para exercer o direito de preferência".
Para Francisco Almeida Medeiros "cabia assim ao vendedor comunicar às entidades públicas, mas também é do interesse do comprador", o que, nunca aconteceu, assegurou a Secretaria Regional do Ambiente e Ação Climática ao Açoriano Oriental.
Já a autarquia, tal como ao Notícias ao Minuto, na semana passada, acabou por não reagir em tempo útil à mesma questão.
Recorde-se que os habitantes da ilha das Flores estão preocupados com o futuro do Poço da Ribeira do Ferreiro, uma das maiores atrações turísticas da ilha e do arquipélago e que todos os anos é visitado por milhares de pessoas.
A polémica instalou-se depois de um casal de estrangeiros ter comprado vários terrenos em redor do ponto turístico e desflorestado a zona.
O Governo regional assegurou, em entrevista ao Notícias ao Minuto, que o acesso ao 'Éden', como é muitas vezes chamado, vai continuar a ser gratuito, porém, essa garantia não deixa a população satisfeita nem segura, uma vez que consideram que o local já sofreu demasiadas alterações.
Já o casal de proprietários considera estar a ser vítima de "racismo e difamação" por parte dos florentinos.
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