Papel do jornalista? "Mais vital num tempo de ameaças à democracia"

O ex-diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) Fernando Araújo considerou hoje, no Porto, que o papel do jornalista e do fotojornalista "torna-se cada vez mais vital num tempo de ameaças à democracia".

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Lusa
20/02/2025 22:18 ‧ ontem por Lusa

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No Porto, onde foi apresentou o Anuário 2024 da Agência Lusa, uma obra com a história de 2024 em 167 páginas, 238 fotografias e uma dúzia de textos, Fernando Araújo disse que "as fotografias evidenciam a procura pela verdade", e comparando o papel dos jornalistas ao dos médicos considerou: "Trabalhamos pela verdade".

 

"O papel do jornalista torna-se mais vital num tempo de ameaças à democracia. Se antes duvidávamos das palavras, hoje começamos também a duvidar das imagens. Com o avanço da inteligência artificial as fronteiras entre o real e o fabricado tornam-se cada vez mais ténues", alertou.

Numa sessão que decorreu na Câmara Municipal do Porto onde ficará patente, até 13 de março, uma exposição de fotografias dos fotojornalistas da agência noticiosa, Fernando Araújo começou por confessar-se "fã" deste Anuário por ser, disse, "um espelho de como a Lusa, mais do que um trabalho, encara a sua missão na sociedade".

"Este anuário da Lusa não é apenas um registo do que aconteceu em 2024, mas é um testemunho visual da nossa história e da nossa sociedade, dos desafios e das esperanças do nosso tempo", apontou.

Outro dos aspetos destacados foi o conteúdo da obra -- que é uma parceria entre a Lusa e a editora Livros Zigurate, livro que contem uma versão bilingue (português e inglês) -- até porque 2024 foi um ano eleitoral intenso.

"Tivemos mais de 20 processos eleitorais na União Europeia e nos Estados Unidos, em muitos países da América Latina e de África, bem como em Portugal e muitos países de África. Este anuário representa bem essa realidade com muitas fotografias de processos que, em minha teoria, deveriam reforçar o envolvimento dos cidadãos com a política, mas paradoxalmente nunca tantos tiveram tanto acesso à informação e ao mesmo tempo nunca tantos pareciam tão distantes do seu impacto", referiu, mostrando preocupação.

"Vemos campanhas marcadas pelo desinteresse crescente, pela erosão da confiança nas instituições e pela ascensão os discursos extremistas que colocam em causa os valores democráticos", enumerou.

Para o médico e primeiro presidente da DE-SNS em Portugal "é essencial" valorizar a lente de um fotojornalista porque esta pode "confrontados com aquilo que preferíamos não ver, mas que precisamos de enfrentar" como é o caso, exemplificou, das fotografias deste Anuário e que mostram a guerra e a destruição.

Confessando que a imagem que mais o marcou neste Anuário é a de um bombeiro que transporta um capacete de um colega morto num incêndio, Fernando Araújo disse que as fotografias "forçam-nos a não esquecer, são imagens que nos acompanham especialmente quando estamos em silêncio".

"O fotojornalismo profissional é ancorado na ética e no compromisso com a verdade pelo que é uma das últimas barreiras contra este mundo de incerteza. Essa espera e esse compromisso com o rigor e com a verdade, com a humanidade, que precisamos de continuar a valorizar num mundo que quer cada vez mais rapidez e cada vez menos reflexão", concluiu.

Além de um grafismo renovado, o Anuário Lusa 2024 tem ligações a conteúdos digitais, como a cronologia bilingue e o vídeo do ano de 2024, que podem ser lidos e vistos através de QR Codes.

A agência Lusa iniciou o projeto de passar em revista o ano em imagens em 2004 com a publicação de "Imagens Lusa" que manteve uma periodicidade anual até 2009, quando teve um interregno de nove anos, tendo retomado em 2018 com o Anuário.

O Anuário Lusa continua a ser vendido nas livrarias, mas também no 'site' da editora - www.zigurate.pt/anuario.

Leia Também: Moreira destaca papel da Lusa em "tempo de manipulação e desinformação"

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