O ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE), Paulo Rangel, afastou envio de tropas portuguesas para a Ucrânia, depois de ter marcado presença - ainda que à distância, por se encontrar no Brasil - na reunião convocada pela presidência francesa na quarta-feira.
O chefe da diplomacia portuguesa explicou, em entrevista à RTP, que o que saiu desta reunião foi a mensagem de que um "processo de negociação" para a paz na Ucrânia "implica sempre que a Ucrânia esteja e seja parte ativa nas negociações."
Para além disso, Rangel adiantou que também a Europa se teria que sentar à mesa das negociações, já que "a segurança da Ucrânia (…) terá de ser garantida por Estados europeus e outros, e a reconstrução terá como protagonista a União Europeia."
"Havendo um envolvimento da Europa no processo do pós guerra [...] é evidente que os aliados da NATO e os países europeus terão de ter um papel no desenho das soluções", sublinhou.
Rangel foi também questionado acerca da possibilidade de Portugal enviar tropas para a Ucrânia, mas considerou que esta era uma questão que "não fazia sentido" já que não se sabe "qual o roteiro para as negociações e para a paz."
"Terá de haver um esquema de segurança da Ucrânia", apontou, dando conta de que também a Rússia terá de "confiar" na solução eventualmente encontrada.
Nesta situação "complexa", Rangel reforçou mesmo que as prioridades são as acima referidas: sentar á mesa das negociações não só a Ucrânia, como também a Europa.
Para além da fricção entre a Rússia e a Ucrânia, que começou há quase três anos, esta semana o tom subiu - com a reunião entre Moscovo e Washington a acontecer, e com Donald Trump a acusar o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, de ter começado a guerra. A troca de farpas ainda decorre, com insultos Zelensky a dizer que Trump está "preso na folha de desinformação russa". O chefe de Estado norte-americano voltou a ripostar, dizendo que Zelensky era "um ditador".
Interrogado sobre esta questão, Paulo Rangel defendeu a neutralidade. "Não devemos contribuir para criar mais ruído [...] ou poluir a comunicação. Pelo contrário: sem deixar de enunciar os nossos princípios, devemos favorecer a possibilidade de diálogo, de comunicação, de forma a que possamos chegar àquele objetivo inicial", respondeu, dando conta de que Portugal continuava a considerar que "o ponto de partida para qualquer processo de paz é reconhecer esta violação do Direito Internacional."
O MNE defendeu, no entanto, que a posição de Portugal neste conflito era "muito firme" e acrescentou que também a relação com os Estados Unidos "não se podia dissolver de um momento para o outro".
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