A cunhada de Shiri Bibas, refém cujos restos mortais deveriam ter sido entregues na quinta-feira pelo Hamas, esclareceu que a família “não quer vingança neste momento”, mas apontou que “não há perdão” por o primeiro-ministro israelita, Benjamim Netanyahu, ter “abandonado” a mulher e os dois filhos menores, na sequência dos ataques de 7 de outubro de 2023.
“Os meus queridos sobrinhos foram levados vivos de sua casa e assassinados por uma organização terrorista cruel enquanto estavam em cativeiro. Eles não mereciam tal destino. […] Israel tinha a responsabilidade e a obrigação de os trazer de volta com vida”, disse Ofri Bibas, irmã de Yarden Bibas, numa declaração divulgada em nome da família através do Fórum das Famílias de Reféns e Desaparecidos.
A cunhada de Shiri Bibas foi mais longe, tendo apontado que “não há perdão por os ter abandonado a 7 de outubro e não há perdão por os ter abandonado em cativeiro”.
“Primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, não recebemos um pedido de desculpas da sua parte neste momento doloroso”, acusou.
A mulher esclareceu ainda que a família não quer “vingança”, em contraste com o discurso de Netanyahu, mas sim “a Shiri”.
“A nossa dolorosa viagem, que já dura há 16 meses, ainda não terminou. O dia 7 de outubro continua. Ainda estamos à espera de Shiri e tememos pelo seu destino. […] Para o bem de Ariel e Kfir, e para o bem de Yarden, não estamos a procurar vingança neste momento. Estamos a pedir pela Shiri. […] A crueldade [do Hamas] só realça a necessidade urgente de trazer Shiri de volta [a casa], salvar as vidas dos reféns vivos e devolver todos os mortos para serem enterrados”, apelou.
Ofri pediu ainda ao presidente norte-americano, Donald Trump, que ajudasse Israel e a sua família “a completar esta importante missão”.
Dirigindo-se diretamente aos sobrinhos, a mulher lamentou: "Desculpem não poder chorar por vós. Estamos à espera da mamã Shiri."
Recorde-se que o Hamas anunciou, a 29 de novembro de 2023, que Shiri e os filhos Ariel e Kfir Bibas (na altura com quatro anos e com nove meses), de origem argentina e peruana, tinham sido mortos num bombardeamento israelita.
Esta sexta-feira, o Hamas admitiu que os restos mortais de Shiri, que deveriam ter sido entregues na quinta-feira, estariam misturados com os de outra vítima do ataque aéreo israelita em que alegadamente morreu.
O corpo da refém "foi feito em pedaços depois de ter sido aparentemente misturado com outros corpos sob os escombros", na sequência de um ataque israelita, disse um porta-voz do Hamas ao jornal The Times of Israel, citado pela agência espanhola EFE.
Netanyahu condenou o sucedido e afirmou que o corpo de Shiri foi trocado pelo de uma mulher de Gaza, considerando tratar-se de uma "violação cruel" do cessar-fogo em vigor desde 19 de janeiro.
"Agiremos com determinação para trazer Shiri para casa, bem como todos os nossos reféns - os vivos e os mortos - e asseguraremos que o Hamas pague o preço por esta cruel e perversa violação do acordo", disse, numa declaração em vídeo.
O grupo palestiniano entregou na quinta-feira os corpos de quatro reféns, afirmando tratar-se da família Bibas e de Oded Lifshitz, que tinha 83 anos quando foi raptado durante os ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023.
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