O arguido, que está acusado de um crime de homicídio qualificado na forma tentada, começou hoje a ser julgado no Tribunal da Feira.
Perante o coletivo de juízes, o suspeito afirmou que o que lhe foi dito é que iriam apenas "pregar um susto" a uma mulher que devia dinheiro e que se limitou a colocar um pano seco na boca da vítima.
"Tinha apenas que colocar um pano na boca e ir para o carro. No início, não queria, mas fumámos erva e acabei por concordar", afirmou.
O arguido contou que o alegado cúmplice despejou depois um líquido sobre a mulher, afirmando desconhecer que se tratava de gasolina, e voltou para o carro.
Explicou ainda que viajou para a Suíça com o alegado cúmplice, que lhe tinha prometido ajuda para encontrar emprego naquele país, e negou ter recebido qualquer promessa de recompensa financeira pela sua participação no caso.
Após o crime, o arguido fugiu com o outro implicado no crime para França e daí viajou para Santa Maria da Feira, no distrito de Aveiro, onde veio a ser detido pela Polícia Judiciária (PJ) em julho de 2024.
Segundo a acusação do Ministério Público (MP), o caso ocorreu em outubro de 2022, em Aures, na Suíça, junto à residência da vítima, de nacionalidade francesa, que mantinha uma relação amorosa com um cidadão português, ali emigrado, a qual terminou.
Para se vingar, o ex-namorado terá delineado um plano para matar a mulher com a ajuda de um amigo e um cúmplice, a quem prometeu o pagamento de cinco mil francos suíços (cerca de 5.300 euros) para cada um e, ainda, quinhentos francos suíços (536 euros) mensalmente.
De acordo com a investigação, no dia 20 de outubro de 2022, os dois homens dirigiram-se a casa da ofendida com uma garrafa contendo gasolina e um isqueiro, e atraíram a vítima para o exterior, colocando-lhe um pano na face para a fazer desmaiar.
Em seguida, um dos suspeitos derramou a gasolina na cabeça e na parte superior do corpo da ofendida e ateou-lhe fogo.
"A mulher sofreu ferimentos graves na cabeça, na face e na parte superior do corpo e correu risco de vida, não tendo falecido única e exclusivamente por mero acaso", refere a acusação.
O ex-namorado da vítima encontra-se detido na Suíça e o amigo deste foi detido em França e extraditado para a Suíça.
Leia Também: Suíça admite que ciganos sofreram "crimes contra a humanidade" no país