"As tensões geopolíticas aumentaram nas últimas semanas, o multilateralismo está sob enorme pressão, assim como as regras sobre as quais estava construída a ordem internacional", disse António Costa, no Parlamento Europeu (PE), em Estrasburgo, em França.
A guerra na Ucrânia, desencadeada há três anos por uma invasão da Rússia, tem "implicações mais abrangentes para a Europa [UE] e para a segurança internacional", acrescentou o presidente do Conselho Europeu.
"Estamos a colocar as nossas ações onde havíamos depositado as nossas palavras, a fazer aquilo que tínhamos prometido", disse o ex-primeiro-ministro de Portugal perante os eurodeputados, reunidos em sessão plenária.
Com uma visão menos fatalista do que a da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que tinha feito a sua intervenção minutos antes, António Costa considerou positivo que nos últimos três anos o investimento em defesa dos países da UE "tenha aumentado em cerca de 30%", referindo que, no mesmo período, "em média os 23 Estados-membros da UE que estão na NATO [Organização do Tratado do Atlântico Norte] alcançaram os 2% [de investimento em defesa] do Produto Interno Bruto [PIB]".
"Precisamos de ir mais longe", advertiu.
Enquanto era primeiro-ministro, os governos de António Costa não atingiram os 2% do PIB em defesa. O atual Governo, liderado pelo social-democrata Luís Montenegro, espera alcançar essa percentagem em 2029, antecipando em um ano a meta do anterior executivo socialista.
António Costa apresentou o caderno de encargos para os próximos anos, de modo a reforçar a defesa da UE: "Sistemas de defesa antiaérea e contra mísseis, sistemas de artilharia, mísseis e munições, 'drones' [veículos aéreos sem tripulação] e sistemas para combatê-los, mobilidade militar, inteligência artificial para a guerra cibernética e eletrónica".
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