Pretoriano. O que disse Madureira (e não só) no 1.º dia de julgamento?

Fernando Madureira deu explicações no 1.º dia de julgamento da Operação Pretoriano. Também Hugo Carneiro falou - e ouviu - em tribunal.

Notícia

© Global Imagens

Notícias ao Minuto com Lusa
17/03/2025 20:25 ‧ há 2 dias por Notícias ao Minuto com Lusa

País

Operação Pretoriano

O primeiro dia do julgamento da Operação Pretoriano marcou o arranque da semana, com Fernando Madureira ou 'Macaco', antigo líder dos Super Dragões, e Hugo Carneiro, conhecido como 'Polaco', a serem ouvidos no Tribunal de São João Novo, no Porto. O depoimento de Vítor Aleixo foi interrompido e será retomado amanhã.

 

Mas entre estes depoimentos, e o silêncio de Sandra Madureira, esposa do ex-líder da claque do FC Porto - que optou por não falar, como outros arguidos - o que se disse?

O que diz Fernando Madureira?

Da parte da tarde, foi a questão das entradas e credenciação no recinto da Assembleia Geral que dominou grande parte das perguntas. A procuradora confrontou Madureira com mensagens relativas a uma organização da presença massiva de apoiantes de Pinto da Costa.

Grupos de WhatsApp, um com cerca de 300 pessoas e afeto aos Super Dragões, no geral, e outro com os líderes de núcleos, foram focos de discussão, com o antigo chefe da claque a reiterar que não "manda nas pessoas" nem decide como vão votar ou comportar-se - até porque disse desconhecer os estatutos do FC Porto ou as alterações que então seriam votadas, apenas que Pinto da Costa pediu voto contra nos "pontos mais quentes".

O antigo líder dos Super Dragões já tinha admitido, da parte da manhã, que havia "mobilizado" a claque para apoiar Pinto da Costa na Assembleia Geral, mas diz que não mandatou agressões.

"Mobilizei os Super Dragões e pessoas conhecidas para irem à AG [de novembro de 2023] para apoiarem Pinto da Costa. Saiu de mim", referiu Fernando Madureira, explicando que mobilizou as pessoas para demonstrarem apoio a Pinto da Costa, por considerar aquela Assembleia-Geral "umas primárias" de aprovação ao líder. O antigo chefe da claque disse nunca ter visto qualquer das agressões, acrescentando que agiu para "apagar fogos" no evento, e em torno do evento, e que não ordenou que adeptos mudassem de bancada.

Questionado sobre se "o que se passou na assembleia não teve na a ver com os Super Dragões", foi taxativo, dizendo: "Completamente verdade".

Macaco mobilizou Super Dragões para

Macaco mobilizou Super Dragões para "apoiar" e não para "bater em alguém"

O antigo líder dos Super Dragões Fernando Madureira, um dos 12 arguidos que começaram a ser julgados na Operação Pretoriano, disse hoje ter "mobilizado" a claque para apoiar Pinto da Costa na assembleia geral, mas não mandatou agressões.

Lusa | 13:23 - 17/03/2025

E o 'Polaco'?

À chegada, Hugo Carneiro dizia que estava "tranquilo" e que era "completamente inocente", dizendo que " a verdade vem à tona" e que isso é o que "interessa".

Já ouvido pela justiça, o 'Polaco' disse ter entrado na Assembleia Geral sem ser sócio do FC Porto, tendo ainda conseguido mais quatro pulseiras de acesso à reunião magna. "Cheguei à entrada da AG, 'bati o couro' à menina e pedi-lhe pulseiras para a minha mulher e três amigas de trabalho poderem assistir. Eu não estou mal... a menina é que me deixou entrar", justificou-se, garantindo que não houve entraves à sua entrada no recinto.

Hugo Carneiro disse que esteve com Madureira de forma circunstancial - quando recebeu as pulseiras e depois quando foi apaziguar um desentendimento de Henrique Ramos - 'Tagarela' - com um outro amigo, numa altura em que o líder dos Super Dragões, próximo do conflito, o terá mandado subir novamente a bancada e regressar ao seu lugar, "uma vez que a situação já estava a ser sanada".

Localizado na bancada central, diz ter estado alheado dos desacatos, dada a existência de um muro que o impediu de perceber o que se passava. "Não ouvi nada, nem vi nada. É a pura das verdades o que estou a dizer em tribunal", assegurou Hugo Carneiro.

A presidente do coletivo de juízes, Ana Dias Costa, questionou mais assertivamente o arguido quando este lhe tentou explicar a abertura de uma porta secundária no Dragão Arena, justificando que o fez por perceber que do outro lado havia uma pessoa a sentir-se mal e a precisar de assistência: a porta é opaca, sem visibilidade para o exterior.

"O senhor tem o dom de ver pelas paredes", ironizou a juíza.

Pretoriano. 'Polaco' não é sócio, mas até arranjou pulseiras para a AG

Pretoriano. 'Polaco' não é sócio, mas até arranjou pulseiras para a AG

Hugo Carneiro 'Polaco', um dos 12 arguidos da Operação Pretoriano, disse hoje ter entrado na Assembleia Geral (AG) sem ser sócio do FC Porto, tendo ainda conseguido mais quatro pulseiras de acesso à reunião magna.

Lusa | 18:45 - 17/03/2025

Vários advogados de defesa criticaram ida a julgamento dos arguídos da Operação Pretoriano, falando-se em "terrorismo jurídico" no início da sessão na qual o Ministério Público prescindiu de fazer as exposições introdutórias.

"Esta acusação que culmina no julgamento que hoje se inicia não é mais do que terrorismo jurídico. É a degradação da justiça plasmada numa decisão instrutória que dá continuidade ao erro, mostrando à sociedade que a justiça já teve melhores dias", acusou Cristiana Carvalho, advogada de Fernando Saul.

Que se segue?

O 2.º dia do julgamento está marcado para começar pelas 9h30, e aqui será a vez dos legais representantes dos três assistentes do processo, FC Porto, SAD dos 'dragões' e Henrique Ramos, seguidos das primeiras testemunhas a serem ouvidas, prosseguindo o julgamento na quinta-feira.

O julgamento continua em 24 e 25 de março, estando também agendadas sessões para abril e maio.

Na contestação, Fernando Madureira e Sandra Madureira apresentaram um rol de 54 testemunhas, mas a juíza frisou que o máximo é de 20, podendo, tal número, ser ultrapassado caso seja requerido ou justificado

A Operação Pretoriano

Recorde-se que após a fase instrutória, o tribunal decidiu levar a julgamento todos os arguidos nos exatos termos da acusação deduzida pelo Ministério Público (MP), alegando que a prova documental, testemunhal e pericial é forte.

Em causa estão 19 crimes de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, outro de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação. Terá havido uma tentativa de os Super Dragões "criarem um clima de intimidação e medo" numa Assembleia Geral do FC Porto, para que fosse aprovada uma revisão estatutária "do interesse da direção" do clube, então liderada por Pinto da Costa, que morreu no dia 15 de fevereiro

O histórico dirigente viria a ser derrotado em eleições, por André Villas-Boas, e os Super Dragões envolvidos noutra operação, 'Bilhete Dourado'.

Entre a dúzia de arguidos, Fernando Madureira é o único em prisão preventiva (desde janeiro de 2024), a medida de coação mais forte, enquanto os restantes foram sendo libertados em diferentes fases, incluindo Sandra Madureira, Fernando Saul, Vítor Catão ou Hugo Carneiro, igualmente com ligações à claque.

Leia Também: Pretoriano. Madureira nega responsabilidade no clima criado na AG

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas