"Se Deus quiser, seja num governo alternativo, ou seja como segunda força política na Madeira, nós não vamos deixar o PSD fazer aquilo que fez até hoje. Vamos intensificar a responsabilidade de fiscalizar o que o PSD vai fazer", afirmou Élvio Sousa, cabeça de lista do partido às eleições antecipadas.
"Não vão ficar sem vigias, vamos levantar torres defensivas e de vigia em todos os municípios", avisou.
O secretário-geral do JPP e cabeça de lista às regionais falava numa unidade hoteleira do concelho de Santa Cruz, perante algumas dezenas de militantes e simpatizantes, depois de terem sido conhecidos os resultados oficiais provisórios das eleições legislativas da Madeira.
Élvio Sousa felicitou todos os partidos que concorreram às eleições e enalteceu o facto de o seu partido ter vencido o município de Santa Cruz e ficado em segundo lugar em seis municípios, recebendo aplausos e gritos de apoio dos presentes na sala.
Segundo os resultados provisórios da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, o JPP passou a ser o principal partido da oposição com 11 deputados, de um total dos 47 que compõem o hemiciclo.
O PSD venceu sem maioria absoluta, elegendo 23 dos 24 necessários, e o PS passou a ser a terceira força política, com oito eleitos.
O Chega elegeu três deputados, o CDS-PP um e a IL um.
O JPP admitiu o cenário de um governo alternativo, mas remeteu mais esclarecimentos para segunda-feira, depois de ouvir a comissão política do partido e os militantes.
Para isso acontecer, é necessário JPP, PS, Chega, IL e CDS-PP fazerem um acordo, somando 24 deputados, contra os 23 do PSD.
"Nós amanhã [segunda-feira] reunimos a comissão política, vamos ouvir os militantes, [...] muito possivelmente vamos convocar uma declaração à imprensa", indicou, considerando que "o cenário não está fechado".
"Se [as pessoas] desejarem que constituamos a liderança de governo, temos 11 deputados, precisamos dos outros (...) para chegar. Eu deixo aqui em aberto, as pessoas também podem, têm capacidade de influenciar, nem que seja energeticamente, os outros partidos para um caminho de presente e de futuro", acrescentou.
Élvio Sousa disse não ter pressa e apelou ao representante da República para a Madeira, Ireneu Barreto, que irá ouvir os partidos nos próximos dias, para não meter "o pé no acelerador" como nas últimas eleições regionais, em maio do ano passado, também antecipadas.
"Nós só aparecemos lá para quinta ou sexta-feira", avisou.
Élvio Sousa, um dos fundadores do JPP, que começou com um movimento de cidadãos, frisou também que o partido não ficou muito longe da meta que estabeleceu, de chegar aos 33 mil votos neste sufrágio, tendo ficado pelos cerca de 30 mil.
"Um dos vencedores da noite é o JPP como partido da Madeira, como partido autonomista, como um partido nacional com afirmação regional", realçou, reforçando: "E isto vem mostrar que não existe só PSD, não existe só PS, existe um partido nacional com sede na Madeira que está a anunciar um mundo novo".
"O JPP é como o Vinho Madeira, quanto mais velho mais amadurecido e com um bom aroma", gracejou ainda.
Estas foram as terceiras legislativas realizadas na Madeira em cerca de um ano e meio, tendo concorrido num círculo único 14 listas: CDU (PCP/PEV), PSD, Livre, JPP, Nova Direita, PAN, Força Madeira (PTP/MPT/RIR), PS, IL, PPM, BE, Chega, ADN e CDS-PP.
As últimas regionais realizaram-se em 26 de maio de 2024, tendo o PSD conseguido eleger 19 deputados, o PS 11, o JPP nove, o Chega quatro (mas, uma deputada tornou-se, entretanto, independente) e o CDS-PP dois. PAN e IL garantiram um assento cada.
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