O primeiro-ministro, Luís Montenegro, negou, este sábado, ter ocultado contas bancárias, depois de o Correio da Manhã ter noticiado que o chefe do Executivo tinha escondido várias contas bancárias ao Tribunal Constitucional.
"Há cerca de dois meses que temos vindo a ser confrontados com uma série de notícias, muitas delas preenchidas de uma forma que eu considero que corresponde a desinformação e manipulação de factos, muitas vezes, perfeitamente normais e banais", afirmou Luís Montenegro, que falava aos jornalistas à chegada a Valpaços, para visitar a Feira do Folar enquanto presidente do PSD.
Montenegro concretizou estar a falar de dois órgãos de comunicação social em particular, designadamente o Expresso e o Correio da Manhã, que disse terem "um padrão de apresentação de notícias que, depois, têm tido como consequência que todos os demais órgãos de comunicação social, os agentes políticos e mediáticos, são induzidos em erro e reproduzem títulos de notícias que são absolutamente falsos".
Sobre ter sido noticiado que teria escondido contas bancárias, o primeiro-ministro afirmou: "É falso. Ao longo dos últimos 25 anos, eu tenho nas minhas declarações, junto do Tribunal Constitucional nomeadamente, feito sempre menção das minhas contas bancárias. E tenho feito menção de acordo com aquilo que é o preenchimento das respetivas declarações", afirmou Luís Montenegro, aos jornalistas, em Valpaços.
E acrescentou: "É verdade que me foram pedidos esclarecimentos adicionais, precisamente na sequência de uma notícia do Correio da Manhã e que esses esclarecimentos foram prestados e o caso ficou encerrado com esses esclarecimentos. Dizer-se a quem presta esclarecimentos que escondeu contas bancárias, estamos a falar de três contas bancárias, são as três contas bancárias à ordem da minha vida. Uma tem 37 anos, outra tem 26 anos e outra tem 16 anos. É simplesmente adulterar o teor daquilo que foi a prestação de esclarecimentos banal".
"E eu disse até ao Ministério Público qual era o saldo que elas apresentavam e eu não tenho nada a esconder", referiu.
Sobre o Ministério Público ter pedido esclarecimentos sobre a questão das contas, Luís Montenegro disse: "Nós estamos sempre a tempo de dar esclarecimentos adicionais. O Ministério Público lê jornais, viu uma notícia que, por acaso, não tinha fundamento. [...] A notícia era que eu teria usado várias contas para pagar uma determinada aquisição de um apartamento. Isso é falso. Eu só usei uma conta".
E continuou: "Mas, em todo o caso, o Ministério Público leu a notícia, perguntou-me e eu respondi. Não há nenhuma anormalidade nisto porque isto acontece comigo e acontece com os políticos de outros partidos. Agora, notícias é que só sobre mim".
Salientou ainda que não escondeu qualquer conta e repetiu que é o único político português que apresentou publicamente o valor das suas declarações de rendimentos nos últimos 15 anos.
O primeiro-ministro realçou ainda que "há uma centralização da atenção, na perceção de esclarecimentos" sobre si e sobre o Partido Social Democrata (PSD), "quando todos os demais agentes políticos e partidos políticos o fazem".
"Porque é que só o primeiro-ministro e o PSD são alvo deste tipo de apreciação? Deste tipo de associação? Eu quero que as portuguesas e os portugueses tenham a plena consciência do seguinte: Podem confiar no primeiro-ministro, podem confiar no PSD e na AD. E podem ter a certeza que nós daremos às portuguesas e aos portugueses, os elementos que são importantes para que eles possam aferir as condições para os líderes, as equipas e os programas poderem desenvolver o seu trabalho nos próximos anos a bem da vida de cada um", disse.
Luís Montenegro apelou ainda a que os "órgãos de comunicação social façam uma triagem", acrescentando que, na sexta-feira, "todos os órgãos de comunicação social titularam que havia uma empresa que financiava o PSD".
Na sexta-feira, o jornal Expresso publicou uma notícia em que dizia que um cliente da empresa Spinumviva estava no 'top' dos financiadores do PSD.
"É falso, é simplesmente falso. Não há nenhum cliente dessa empresa que seja financiador do PSD, aliás não há nenhuma empresa que financie o PSD. É proibido por lei às empresas financiar os partidos políticos e o PSD cumpre a lei (...) Isso é simplesmente falso, há cidadãos que individualmente fazem donativos aos partidos políticos, pequenos donativos, que, no caso do PSD, são sempre registados de forma transparente, de forma legal. É possível que alguns deles tenham relações familiares com dirigentes partidários e até com titulares de responsabilidades empresariais", referiu.
"Pelos vistos, há seis familiares de uma determinada pessoa que tem uma empresa que fizeram donativos, mas não foi isso que vocês titularam ontem nas vossas notícias. [...] Acho que é preciso ter esse rigor. Deixe-me dizer que também acho que a comunicação social tem responsabilidade de tornar o debate político limpo, transparente e de não o inquinar com a adulteração das notícias que depois influencia a vontade política do povo português", atirou.
"Estamos numa altura pré-eleitoral e que tudo é suscetível de ser apreciado"
Já questionado sobre a Comissão Nacional de Eleições, Luís Montenegro notou que "maior parte das queixas apresentadas, têm sido arquivadas".
"Não tem sido imputado tanto quanto é do meu conhecimento a nenhum membro do Governo e a nem a nenhum partido político nenhuma ação desconforme, mas nós sabemos que estamos numa altura pré-eleitoral e que tudo é suscetível de ser apreciado. Estaremos disponíveis para responder como temos feitos aquelas que são as imputações que nos fazem. Quando nós somos notificados dessas imputações, damos a nossa resposta", sublinhou.
[Notícia atualizada às 15h03]
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