Loureiro dos Santos sustentou que "foi um erro" por várias razões, destacando em primeiro lugar que o serviço militar obrigatório "é mais barato" do que a profissionalização, já que os militares profissionais recebem "vencimentos razoáveis" enquanto os militares de conscrição recebiam apenas uma pequena retribuição.
Apesar de defender o regresso do SMO, o ex-chefe do Estado-Maior do Exército admitiu que atualmente não seria possível ter um SMO "total", que abrangesse o conjunto das Forças Armadas, já que existe um certo número de missões que "não pode ser realizado por militares de conscrição", exigindo profissionais especializados e em regime de maior permanência.
Em entrevista à Agência Lusa, a propósito dos 10 anos do fim do SMO, Loureiro dos Santos considerou, em segundo lugar, que seria "mais fácil" constituir "forças complementares" que atualmente "praticamente não existem".
"Isto é, se de repente houver as ameaças que agora andam à volta da Europa, que cercam a Europa por sul, sudeste e pelo leste, se se concretizarem com mais amplitude, não temos possibilidade de cooperar na resposta a essas ameaças com aquele grau de força que nos competiria fazer", considerou.
Do ponto de vista do país, acrescentou, o fim do SMO "afastou um pouco as Forças Armadas da população", que "deixa de entender a necessidade das Forças Armadas".
"Aquilo que no passado se dizia, quando havia o Serviço Militar Obrigatório, que o Exército era o espelho da nação, hoje em dia é muito duvidoso que aconteça com a mesma clareza", lamentou.
Loureiro dos Santos defendeu que "era muito importante que o Estado recuperasse o Serviço Militar Obrigatório" e recusou o argumento de que "já não há" SMO nos outros países, dando o exemplo de alguns países que o mantêm, como a Áustria, a Suíça, a Dinamarca e a Finlândia.
"Não se pode dizer que são países atrasados, podem ser considerados como modernos. Por conseguinte, não percebi, nesta situação de crise que estamos a viver, com a possibilidade de as ameaças aumentarem, porque é que os governantes ainda não decidiram repor o Serviço Militar Obrigatório", disse.
O Serviço Militar Obrigatório acabou há dez anos quando os últimos militares incorporados passaram à reserva de disponibilidade, em setembro de 2004, findo o período de transição de quatro anos estabelecido na Lei do Serviço Militar de 1999.