Incêndio no Hospital de Ponta Delgada seria difícil de prever

A avaria nas baterias de condensadores que deu origem ao incêndio no Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), nos Açores, no ano passado, seria "muito difícil de prever", admitiu hoje um técnico da empresa responsável pela manutenção.

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© Global Imagens - Açoriano Oriental

Lusa
28/04/2025 20:25 ‧ ontem por Lusa

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"O que aconteceu, na minha opinião, foi a falência dos condensadores ou de outros componentes que existiam na bateria de condensadores. Uma falência não prevista!", insistiu Carlos Pereira, engenheiro da empresa Segma, responsável pela manutenção elétrica no HDES, ouvido na comissão parlamentar de inquérito ao incêndio de 04 de maio, reunida em Ponta Delgada.

 

O técnico garantiu, durante a conversa com os deputados ao parlamento açoriano (que estão a tentar apurar as causas e as consequências da catástrofe), que as baterias de condensadores estavam ainda dentro do prazo de vida útil, quando ocorreu o incêndio.

"Tinham 11 anos e meio e, mesmo utilizando a tese de que teriam de ser substituídas, isso só ocorreria em 2026. Que sentido faria eu propor a substituição dessas baterias?", questionou Carlos Pereira, adiantando que tudo indicava que o equipamento em causa estaria ainda em condições de se manter em funcionamento, pelo menos, durante mais um ano.

O técnico da Segma disse ainda que a instalação elétrica do hospital cumpria, à data da ocorrência, toda as normas legais em vigor e não apresentavam qualquer anomalia.

"Se fosse hoje, fazia exatamente a mesma coisa", assegurou Carlos Pereira, referindo-se ao projeto de instalação da rede elétrica do HDES, adiantando que a instalação não apresentava nenhum problema, mas que os equipamentos lá instalados é que poderiam apresentar alguma deficiência".

Durante a audição parlamentar, Carlos Pereira disse também que a rede elétrica do Hospital de Ponta Delgada estava em condições de trabalhar normalmente poucos dias após o incêndio: "dezassete dias depois foi restabelecida a energia em condições robustas, quer dizer, postos de transformação e grupos de geradores".

José Jesus Silva, outro técnico ouvido hoje pela comissão parlamentar de inquérito ao incêndio no HDES, e que há data do incêndio era responsável pela manutenção do hospital, disse aos deputados que havia "falta de técnicos e de eletricistas" naquela unidade de saúde.

"Nunca nos deram pessoal em quantidade para fazermos mais coisas", referiu o técnico, adiantando que a administração do HDES tinha de recorrer, muitas vezes, à contratação externa de serviços nesta aérea, sempre que era necessário fazer alguma intervenção de maior monta.

José Jesus Silva, que trabalhou na qualidade de prestador de serviços ao HDES, criticou, por outro lado, a opção do Governo Regional de construir um hospital modular provisório para assegurar a continuação da prestação de cuidados assistenciais, em vez de investir na recuperação do edifício principal.

"O hospital não morreu! Meteram os doentes num contentor, com todo aquele calor quando o hospital estava ali ao lado, praticamente pronto", insistiu José Jesus Silva, lamentando que não se tenha feito mais "porque não deixaram" numa alusão à tutela da saúde nos Açores.

A comissão de inquérito ao incêndio no HDES, criada por proposta potestativa da bancada do PSD na Assembleia Regional, está a realizar, até quarta-feira, uma ronda de audições parlamentares destinadas a apurar as causas e as consequências da tragédia e também o desempenho dos governos regionais antes e após o incêndio.

O hospital de Ponta Delgada, o maior dos Açores, foi afetado por um incêndio em 04 de maio de 2024, que obrigou à transferência de todos os doentes internados para outras unidades de saúde, incluindo para fora da região.

Leia Também: Governo açoriano pede averiguação às atas do hospital de Ponta Delgada

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