"Isto é um negócio ruinoso para o Estado português e para os portugueses. O que o Governo está a fazer é passível de processo em tribunal. É um roubo aos portugueses. Está a pôr o monopólio na SUMA/Mota-Engil, que vai sobrepor-se a todos os outros", declarou à Lusa Francisco Brás, à margem da ação conjunta da CGTP-IN e Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local (STAL), que decorreu hoje em Gaia, distrito do Porto.
O consórcio SUMA, liderado pela Mota-Engil, venceu o concurso para a privatização de 95% do capital da EGF, a sub-holding do grupo Águas de Portugal.
A Autoridade da Concorrência já comunicou aos municípios da rede EGF (174 municípios), que está com "sérias dúvidas" relativamente à aquisição daquela empresa pública (em matéria concorrencial) e que ia levar a cabo uma "investigação profunda" ao monopólio da Mota-Engil.
Francisco Brás questiona a insistência na privatização de uma empresa pública amplamente lucrativa e acusa este Governo de ter "interesses obscuros", "situações que não têm nada a ver com o país, nem com os portugueses", e que vai "delapidar património público" e pôr em causa "condições de trabalho".
Segundo a STAL, a EGP é rentável", pois em 2013, apesar da crise, registou um "volume de negócios recorde no valor de 173 milhões de euros e lucros de 15 milhões de euros".
Esta manhã arrancou, junto à Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, a iniciativa da CGTP-IN e do STAL "Caravana pelos Serviços Públicos de Resíduos", uma ação que vai percorrer o país até 31 de março e que está a alertar a população de que a EGF "não deve ser objeto de negócio" através da entrega de informação em panfletos e explicações presenciais.
"Exigimos que o Governo pare de imediato a privatização", "O processo não está concluído", "Privatização sem justificação", "Diga não ao negócio do lixo", "Com a privatização, perdemos todos!" ou "Afinal quem lucra com este negócio" são algumas das frases que se liam hoje nos panfletos entregues na rua.
O presidente do STAL adiantou à Lusa que reuniu hoje com o presidente de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, que se mostrou "solidário" com a causa e "disponível para ajudar".
"Considerou que é importante que travemos esta luta para evitar decisões apressadas e referiu, inclusive, que se tivesse de seguir sozinho na posição, que seguiria", acrescentou o sindicalista, recordando que a Suldouro é uma das 11 empresas que constitui o universo da EGF, onde Gaia tem 25%.