"Fui a dezenas de casos de mortes por inalação de monóxido de carbono. Era um período de adaptação das casas ao gás, ao funcionamento dos esquentadores, aos sistemas de exaustão. Morreram largas centenas de pessoas por todo o país, entre a segunda metade dos anos 70 e primeira dos anos 80. Foi uma verdadeira tragédia. Muitas vezes as coisas estavam mal montadas. Agora, felizmente, há regras e procedimentos para esses equipamentos", contou, ressalvando não ter sido encarregado do caso Camarate, em mais uma sessão do inquérito parlamentar em curso.
O dono de um avião utilizado na campanha presidencial de 1980, José Moreira, e sua companheira, Elisabete, foram encontrados mortos num apartamento em Carnaxide, em 05 de janeiro de 1983, dias antes de aquele engenheiro testemunhar, também em comissão parlamentar de inquérito, sobre a queda do bimotor norte-americano que vitimou o primeiro-ministro Sá Carneiro, seu ministro da Defesa, Amaro da Costa, e restante comitiva, em 04 de janeiro de 1980.
Segundo uma das teses de atentado em Camarate, defendida por representantes de familiares das vítimas, Moreira teria sido assassinado para impedir as suas declarações, tidas como importantes e reveladoras sobre a queda do avião, três anos antes. Os representantes de familiares das vítimas alegam negligência e eventual dolo por parte dos investigadores na altura.
De manhã, os deputados ouviram outro ex-inspetor da secção de homicídios da PJ, José Guerreiro da Silva, que também disse não ter participado nas duas investigações.
Guerreiro da Silva limitou-se a explicar aos deputados os procedimentos seguidos à época em casos de asfixia por monóxido de carbono, nomeadamente "a preservação do local do crime o máximo possível".
Os trabalhos desta X Comissão Parlamentar de Inquérito à Tragédia de Camarate, suspensos desde dezembro de 2013, foram retomados esta semana e têm conclusão prevista para o final do mês.