Frederico da Cunha era um padre que integrava a Diocese do Funchal, na Madeira. Mas o seu nome saltou para a ribalta: em 1998, acabou condenado pelo assassinato e crimes de natureza sexual. A vítima era Luís Miguel, um jovem de 15 anos que morreu após uma queda na falésia. O tribunal deu como provado que o crime foi do padre Frederico.
Condenado num processo que durou três meses, o padre conseguiu fugir para o seu país de origem, o Brasil, após ter aproveitado uma saída precária na cadeia de Vale de Judeus. Em Madrid apanhou um voo que o livrou de uma pena de 13 anos, em cúmulo jurídico.
Agora, o semanário SOL dá conta da entrevista por telefone que fez ao padre Frederico, que atualmente vive em casa da mãe, acamada e com 85 anos. Ainda reza missa porém, se o faz, o seu nome não está ligado à diocese local. Na verdade, nunca foi expulso da Diocese do Funchal. “Nunca mudei a minha diocese”, confirma o padre. Esta, porém, desconhece o paradeiro de Frederico Cunha e se reza, ou não, missa.
Conta o semanário SOL que o padre continua a negar os crimes de que o condenaram. Não é “pedófilo” nem tão pouco “assassino”. Tal ideia, diz, surge da justiça e da imprensa portuguesas. “Utilizaram o método fascista”, diz, fazendo um paralelo com a ideia defendida pelo nazi Goebbels de que ‘uma mentira muitas vezes repetida torna-se verdade’.
Sobre o atual estado da Igreja, o padre Frederico é particularmente elogioso com o Papa Francisco. “Está fazendo um ótimo pontificado”, diz. E aborda mesmo um tema polémico: “esse trabalho que tem feito contra a pedofilia é muito importante”, diz, acrescentando que “outros falavam e não faziam nada”.
No seu dia-a-dia, o padre Frederico mantém uma paixão por fotografia abstrata – paixão essa que, aliás, lhe dá algum rendimento, como o próprio contou ao semanário português. Sobre o futuro, é expectável que o crime pelo qual foi condenado prescreva em 2018. Terão passado 20 anos da sua fuga de Portugal. Ainda assim, os planos não passam por voltar a Portugal, ou sequer sair do Brasil, de onde não pretende “sair de forma nenhuma”.