A Associação de Oficiais das Forças Armadas esperou “três dias para, recuperada a serenidade”, se pronunciar sobre o caso que envolve detenções de instrutores do curso de Comandos. A reação surgiu esta segunda-feira à tarde, em comunicado enviado às redações, com várias críticas implícitas à procuradora-geral Cândida Vilar.
Foi a procuradora quem redigiu o documento que permitiu a detenção de sete militares, na sequência da morte de dois recrutas no curso de Comandos, Hugo Abreu e Dylan da Silva. No despacho, a procuradora falava em “ódio patológico”.
Entretanto, os sete suspeitos saíram em liberdade, com termo de identidade e residência. Apenas o médico ficou com medidas de coação mais gravosas, nomeadamente o impedimento de exercer como médico nesta altura, seja nas Forças Armadas seja em Unidades de Saúde Familiar.
Ora a reação da Associação de Oficiais das Forças Armadas é feita com várias críticas em tom de pergunta.
“Teria sido necessário detê-los para que se procedesse às eventuais diligências que tiveram lugar?”, questiona a associação, que acredita que a resposta foi logo dada. “A resposta é dada pela decisão da juíza que preside ao processo, libertando-os. Não era necessário deter quem não deu qualquer sinal de se tentar subtrair ao apuramento de responsabilidades”.
O termo “ódio patológico”, expressão que, como revelou a RTP, constava do despacho, merece outra questão dos oficiais: “Onde foi a senhora procuradora colher tão categórica qualificação?”, questiona a associação, acrescentando que “a resposta a esta pergunta é importante” devido ao facto de vários instruendos terem decidido continuar o curso.
O que leva ainda a outra questão em tom crítico: “será que a senhora procuradora confundiu o cenário criado à volta da instrução com a realidade”.
A associação de militares questiona ainda a necessidade daquilo que caracteriza como uma “caça ao homem” ao ser criada a Operação DANTE, que permitiu a detenção dos suspeitos, “como se perigosos e foragidos criminosos se tratassem”.
Defendendo que quer que seja apurado o que se passou, a Associação de Oficiais das Forças Armadas fala num “processo de julgamento em praça pública inédito em Portugal e cujo alcance na credibilidade dos militares e das Forças Armadas ainda está por apurar”. Por isso, espera que a investigação decorra dentro de um quadro em que se conhece a “realidade militar e sem quaisquer preconceitos”.