Paris homenageou soldados e trabalhadores lusos que chegaram há um século

O Museu da História da Imigração, em Paris, homenageou hoje "os soldados e trabalhadores que serviram com coragem e determinação a França e a liberdade" há um século, afirmou Manuel Dias Vaz, organizador do evento.

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Lusa
10/12/2016 18:07 ‧ 10/12/2016 por Lusa

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França

Depois das cidades francesas de Hendaia e Bordéus, o museu parisiense foi palco do terceiro colóquio sobre 100 anos de presença portuguesa em França, tendo tido como temas o centenário do acordo de mão-de-obra franco-português e a participação portuguesa na Grande Guerra.

"O objetivo é partilhar estas páginas de história e homenagear estes soldados e trabalhadores que serviram com coragem e determinação a França e a liberdade e foram elementos decisivos da reconstrução deste país que amamos. A decisão corajosa, em 1916, do governo de Portugal de entrar em guerra com o envio de 55 mil soldados e 25 mil trabalhadores foi um gesto de solidariedade com os amigos franceses e ingleses", afirmou Manuel Dias Vaz perante a plateia.

O também membro-fundador do Museu da História da Imigração acrescentou que a iniciativa pretende "fazer ressuscitar esta memória que foi muitas vezes guardada no esquecimento" e disse que "não é normal que, em França, onde há um milhão de portugueses, o esforço de Portugal na Grande Guerra passe despercebido".

O historiador Victor Pereira sublinhou que a entrada de Portugal na guerra e o recrutamento de mão-de-obra portuguesa para França - com a consequente formação do "primeiro contingente de trabalhadores em França" - estão "intimamente ligados", porque o governo português pretendia entrar em guerra mas a Grã-Bretanha mantinha-se reticente, tendo a necessidade de mão-de-obra servido como moeda de troca.

"Portugal aceita assinar a convenção de mão-de-obra a 28 de outubro de 1916 ao mesmo tempo que é assinada a convenção de Boulogne-sur-Mer onde, com a Grã-Bretanha, Portugal define as modalidades de vinda, equipamento e armamento dos soldados portugueses que para França", explicou.

Joaquim Chito Rodrigues, presidente da Liga dos Combatentes, lembrou que a Batalha de La Lys, a 09 de abril de 1918 - considerada como o pior desastre militar português depois de Alcácer Quibir - "é completamente desconhecida da população francesa", apesar da existência do cemitério português de Richebourg L'Avoué, onde estão 1.831 sepulturas de soldados portugueses.

No colóquio participaram, também, os historiadores Marie-Christine Volovitch-Tavares, Cristina Clímaco, Yvette dos Santos, David Castaño e Pierre Léglise-Costa, a socióloga Maria Beatriz Rocha Trindade, o diretor do jornal das comunidades Lusojornal, Carlos Pereira, e os deputados eleitos pelo círculo da emigração Paulo Pisco (PS) e Carlos Gonçalves (PSD).

No Museu da História da Imigração foi, ainda, inaugurada uma exposição de fotografia sobre "Os Portugueses na Grande Guerra" com imagens do fotógrafo de guerra Arnaldo Garcez (1885-1964) que acompanhou as tropas do Corpo Expedicionário Português para as trincheiras francesas.

A série de colóquios sobre o centenário da presença portuguesa em França - que começou a 28 de outubro, na cidade de Hendaia e continuou a 25 de novembro nos Arquivos Distritais de La Gironde, em Bordéus - foi organizada pela Rede da Aquitânia para a História e Memória da Imigração e pelo Comité Nacional Francês de homenagem a Aristides de Sousa Mendes.

 

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