Sócrates acusa Ministério Público de "maldosa campanha de difamação"

Antigo primeiro-ministro explica as razões que o levam a processar o Estado português.

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João Oliveira
03/02/2017 20:05 ‧ 03/02/2017 por João Oliveira

País

Operação Marquês

Numa conferência de imprensa dada esta noite, a partir do Hotel Altis, em Lisboa, José Sócrates explicou os motivos que o levam a querer processar o Estado, que incidem sobre o alargamento do prazo de inquérito que ainda decorre relativamente ao caso Operação Marquês, no qual é arguido.

Nesta senda, o ex-líder socialista explica que em causa está "a escandalosa violação dos prazos máximos legais de inquérito", cuja duração normal deve ser de 18 meses e que, no caso da Operação Marquês, "decorre há 42 meses".

Isto leva Sócrates a dizer que "todo este tempo tem sido aproveitado pelo Ministério Público para fazer contra mim uma permanente e maldosa campanha publica de difamação".

Como exemplos que sustentem as suas afirmações, Sócrates lembra, ente outras coisas, as acusações relativas à empresa Lena. "Essas imputações eram falsas e eram injustas, como eram falsas as diversas versões desses favorecimentos. Na verdade, esta história construída à volta da empresa Lena não passou de um monumental embuste", explicou.

Tudo aquilo de que é acusado e que, até agora, não culminou numa acusação, leva o ex-primeiro-ministro a dizer que "velhas e antigas suspeitas que hoje são provadamente infundadas" provam, no seu ver, que "foi ilegalmente ordenada a minha detenção e a minha prisão" e que o Estado executou uma "violação escandalosa da lei e abuso dos seus poderes".

"A lei é imperativa, é para todos, incluindo entidades públicas", acrescentou ainda, em jeito de auto-defesa e reforçando a ideia que "o apagamento dos prazos é o apagamento da lei".

Sócrates considera que esta investigação foi uma perseguição pessoal com motivação política, de que o processo é um "embuste", através de "maldosas e dolorosas inverdades", nomeadamente de que ele é titular de contas na Suíça.

Questionado sobre se o Ministério Público tem uma agenda política, Sócrates respondeu que, depois de tudo o que se passou, "é legítima a suspeição de que houve motivação política".

"O que se passou entre mim e Carlos Santos Silva (também arguido no processo) foram empréstimos", garantiu, dizendo que tenciona pagar em breve as dívidas que ainda tem para com o amigo e que já lhe pagou 150 mil euros.

No entender do antigo governante, o inquérito da Operação Marquês decorre atualmente "na mais completa ilegalidade", uma vez que o processo acabou a 19 de outubro de 2015.

Recorde-se que José Sócrates esteve preso preventivamente mais de nove meses e está indiciado por fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e corrupção passiva para ato ilícito.

[Notícia atualizada às 21h09]

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