Falar de sismos e tsunamis em Portugal e Espanha é o mesmo que dizer que estes países são verdadeiras 'bombas relógio'. Sabemos que, mais tarde ou mais cedo, vai acontecer uma tragédia como a de 1755, dizem-nos os entendidos. Saber exatamente quando é pergunta para mais de um milhão de euros (ou, talvez, sem preço).
Partindo desta hipótese, o espanhol Fernando Arroyo realizou um documentário 'La Gran Ola' ('A Grande Onda, em tradução livre), onde é analisado o risco de os dois países serem fustigados por um grande tsunami e como é que lidaríamos com essa catástrofe e a falta de preparação da Península Ibérica para algo desta natureza.
O documentário denuncia uma situação preocupante, sobretudo na orla costeira (e, portanto, turística) dos países .
"Esta é a verdade sobre os tsunamis em Espanha e Portugal. Podem acreditar... ou não", refere o realizador ao El País. Um tsunami, alerta, irá afetar centenas de milhar de pessoas e causar enormes perdas económicas. "Durante dias, grandes áreas não poderão ser evacuadas, não haverá eletricidade, nem comunicações, nem água, e cidades inteiras como Cadiz terão de ser evacuadas".
"A questão não é saber se vai acontecer ou não outro tsunami, mas sim saber quando", afirma Begona Perez, da Divisão de Oceonografia dos Portos, em Espanha.
O especialista português, Mário Lopes, professor do Instituto Superior Técnico, é um dos 40 especialistas que participam no documentário: "Nenhum governo faz alguma coisa. O que é preciso fazer está escrito. Portanto, os políticos sabem que há risco sísmico e que este pode ser reduzido".
Diz outro português, o investigador Luis Matias, que no golfo de Cadiz, várias falhas tectónicas podem provocar um sismo a qualquer momento. O problema, e o que preocupa verdadeiramente os especialistas, é que ainda não está definido o protocolo para alertar a população e esta deve ser evacuada.
"Espanha é o único país que não gastou dinheiro para financiar um sistema de alerta", lamenta Mauricio González, salientando que é algo "básico mas que poderia salvar milhares de vidas". Participaram no documentário 40 especialistas no assunto.