O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, reagiu, esta segunda-feira, ao inquérito enviado pelo governo dos EUA a várias faculdades europeias, incluindo, portuguesas, que os reitores consideraram "inaceitável".
Questionado sobre o facto do Executivo português ainda não ter reagido ao questionário - que continha perguntas sobre "ideologia de género", influências "malignas da China", entre outras - Paulo Rangel garantiu que o Estado português já saudou "imenso" a posição dos reitores portugueses.
"As universidades têm total automia e nós saudámos imenso aquela que foi a posição das universidades portuguesas, que foi a de não responder ao inquérito, por o considerarem absolutamente introsivo e contrário à sua autonomia", realçou o ministro social-democrata, acrescentando que o "o Governo português nunca poderia fazer um inquérito desses porque é contrário à Constituição".
"Os EUA terão de compreender e compreenderão porque eles também são muito zelosos da sua Constituição. Se o Governo português não pode fazer perguntas deste género a uma universidade, no sentido de condicionar algum apoio a determinada orientação de política pública, também uma administração de um estado estrangeiro não o pode. Agora, os EUA podem dar ajuda ou não dar ajuda a quem quiserem. Nisso não podemos interferir. Agora, é evidente que isto [o questionário] é contrário aos valores constitucionais", clarificou.
Já sobre se a situação "não merecia um protesto", Paulo Rangel considerou que a sua reação pública é já "um protesto".
Recorde-se que tanto o governo francês como belga já denunciaram o facto da administração Trump estar a tentar condicionar as faculdades europeias, com questionários e retirada de apoios.
O questionário enviado, no início do mês, às faculdades portuguesas, que tinham 'American Corners', incluia perguntas sobre "ideologia de género", parcerias políticas, clima, etc. Os reitores reagiram no imediato, considerado o inquérito "inaceitável" e recusando responder ao mesmo.
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