A Direção-Geral da Saúde (DGS) esclareceu, esta segunda-feira, que “a época de inverno 2024/2025 teve um menor excesso de mortalidade do que a anterior”, tendo alertado que “comparações com base em valores absolutos devem ser interpretadas com exatidão”, numa referência às notícias divulgadas esta segunda-feira que alegavam que os primeiros três meses do ano teriam sido os mais mortíferos desde a pandemia.
O organismo deu conta de que “a análise das épocas de inverno, que decorrem, geralmente, entre a semana 40 de um ano e a semana 20 do seguinte, mostra que” houve um excesso de 3.302 óbitos no inverno 2023/2024, o que representou +26% face ao esperado. Já no inverno 2024/2025, registou-se um excesso de 1.206 óbitos, ou seja, +12% face ao esperado.
“Mesmo analisando valores absolutos, considerando o período das semanas 40 de um ano e das semanas 5 do ano seguinte, e tendo decorrido o período epidémico de gripe nesta época, verifica-se uma redução no número de óbitos nos grupos mais idosos”, complementou, em comunicado.
A mesma nota realçou que, na faixa etária dos 75-84 anos, foram registados 12.718 óbitos em 2023/2024, ao passo que, em 2024/2025, deram-se 11.141 óbitos. Já entre as pessoas com 85 e mais anos, ocorreram 21.045 óbitos em 2023/2024, enquanto em 2024/2025 registaram-se 19.439 óbitos.
“A comparação de valores absolutos de mortalidade entre períodos fixos como trimestres ou meses não permite, por si só, retirar conclusões sobre aumentos ou reduções da mortalidade. A análise rigorosa da mortalidade deve ser realizada através da análise do excesso de mortalidade, isto é, a diferença entre o número de mortes observadas e o número esperado, com base numa linha de base ajustada a partir dos valores dos anos anteriores, excluindo períodos atípicos (como surtos de doenças ou períodos de frio prolongados) e considerando a evolução demográfica do país, em particular o envelhecimento da população”, detalhou a DGS.
O organismo foi mais longe, tendo salientado que “num país como Portugal, com uma população envelhecida, é expectável que o número absoluto de óbitos aumente progressivamente com o tempo”, razão pela qual “comparar números brutos de mortes entre anos sem ajustar para estes fatores pode levar a conclusões erradas”.
“Por outro lado, a mortalidade observada num determinado período reflete o impacto de diversos fenómenos sazonais, incluindo epidemias e fenómenos ambientais”, disse.
A DGS assegurou ainda que “continuará a acompanhar de perto a evolução da mortalidade em Portugal e a partilhar com transparência a informação necessária à monitorização da situação de saúde”.
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