"Desde que se constatou, no quadro do Brexit, que haveria essa necessidade de deslocalização da Agência [Europeia do Medicamento], que Braga tentou junto do Governo português e junto de instâncias da União Europeia perceber qual era o caderno de encargos para a deslocalização para poder de uma forma mais sustentada, formalizar uma eventual candidatura ao acolhimento desta Agência", avançou à Lusa Ricardo Rio.
O autarca disse porém que "até à data" não foi possível obter uma informação "concreta e rigorosa sobre o que são os requisitos que a União Europeia (UE) está a considerar prementes para admitir essa possibilidade da instalação num determinado local".
Em entrevista telefónica à Lusa, no âmbito das críticas dos eurodeputados do PSD, Paulo Rangel e José Manuel Fernandes à proposta do Governo para instalar a EMA em Lisboa, tendo até lançado uma petição pública sugerindo Porto ou Braga, Ricardo Rio lamentou que o Governo dê "sequência de outras atitudes de vários Governos anteriores de nunca olharem verdadeiramente para o todo nacional e não perceberem as dinâmicas que se vão verificando noutras franjas do território que não apenas na capital".
"Neste caso, até com alguma estranheza o faço, porque ainda na semana passada o próprio primeiro-ministro [António Costa] rotulava Braga como um motor da inovação e do desenvolvimento económico do país e, portanto, ele, melhor que ninguém, e seguramente que outros membros do Governo - o próprio ministro da Economia é de cá de Braga - (...) terão consciência do potencial que Braga teria para acolher a Agência Europeia do Medicamento", declarou.
Ricardo Rio acredita que Braga tem a massa crítica do ponto de vista populacional para receber a EMA, assim como tem massa crítica do "ponto de vista científico, do ponto de vista académico, do ponto de vista empresarial, do ponto de vista hospitalar -- através do Hospital de Braga -, do Centro Clínico Académico, e do Laboratório Internacional de Nanotecnologia" para poder acolher uma valência como a Agência Europeia do Medicamento.
"Por mais que hoje Braga e Porto e o Norte ostentem uma dinâmica muito particular e muito interessante, um sediar desta Agência [Europeia do Medicamento] seria um impulso fundamental para o desenvolvimento futuro da região", justifica, partilhando a visão dos eurodeputados do PSD, Paulo Rangel e José Manuel Fernandes, de que, numa ótica de promoção de uma maior coesão territorial de um desenvolvimento integrado do país, seria natural equacionar que a instalação de uma valência desta natureza fosse feita fora da capital".
Ricardo Rio concluiu que do ponto de vista de futuro, "Braga continua a posicionar-se no sentido de estar disponível para apresentar argumentos para receber a EMA e para trabalhar sobre outras necessidades que venham a ser identificadas", designadamente trabalhando em articulação com os "diversos agentes locais" que possam potenciar e viabilizar a instalação da EMA em Braga.
A candidatura de Lisboa para receber a Agência Europeia do medicamento, que está atualmente localizada no Reino Unido, tem sido criticada sobretudo por entidades do Norte do país, designadamente do Porto.