Segundo o arqueólogo do município de Mogadouro, no distrito de Bragança, Emanuel Campos, as pinturas a fresco representam uma cena da Paixão de Cristo, e tudo aponta para que sejam da Idade Média tardia, ou posterior, embora ainda não tenha sido possível apontar, com exatidão, em que século a cena de cariz religioso foi executada.
"[Pela] iconografia representada, cronologicamente, podemos apontar para os séculos XV a XVI. Contudo, será melhor aprofundar o estudo das pinturas, para melhor se perceber o período da sua execução", disse o arqueólogo ao jornal o Mensageiro de Bragança.
Um relatório da Direção Regional de Cultura do Norte, citado pela Rádio Brigantia, afirma que a técnica utilizada é a pintura a fresco, alargando o possível intervalo de execução ao século XI.
As pinturas foram descobertas durante da decapagem da capela-mor do templo cristão, há cerca de dois anos, tendo sido informada a Direção Regional de Cultura do Norte.
"Vamos continuar a estudar a pinturas e conservá-las, porque são poucas as que chegam aos nossos dias. Muitas destas pinturas murais que existiam nas igrejas foram desaparecendo, umas por degradação, outras por incúria das pessoas que lhes deram pouco valor ou significado", explicou o arqueólogo.
A investigação começa agora a ganhar um novo rumo, para se perceber a origem das pinturas murais, se o artista que as executou se inscreve em alguma "escola" e perceber as técnicas utilizadas.
Os investigadores de uma coisa não têm dúvida, é que a capela é de origem medieval devido, principalmente, à forma do altar-mor.
"Aqui houve de certeza uma ocupação romana, já que foi possível encontrar no perímetro do templo diversos matérias que indicam este período", enfatizou o arqueólogo.
Valdemar Jorge, responsável da comissão fabriqueira de Vale de Porco - conselho para os assuntos económicos da igreja -, afiança que a intenção é continuar a valorizar a capela e o espaço envolvente, para assim criar condições para que seja um ponto de atração turística no concelho de Mogadouro.