"Um presente de Natal antecipado à indústria automóvel". É desta forma que a Quercus classifica a proposta legislativa apresentada esta quarta-feira pela Comissão Europeia relativa às metas de emissão de CO2, no período pós 2020, para veículos ligeiros de passageiros e comercias. Tal proposta, denunciam, “falha a resolução daquele que é o maior problema climático da União Europeia”.
Num comunicado enviado às redações, a Quercus - membro da Federação Europeia dos Transportes e Ambiente (T&E) – refere que, “apesar de ser positivo o objetivo de alcançar 30% de viaturas não poluentes nas novas vendas, o facto de não estarem previstas penalizações para quem falhar esta meta torna a medida muito pouco efetiva”.
Segundo reportado pela T&E, informa a Quercus, “este enfraquecimento da proposta” da Comissão terá resultado de contactos de última hora entre o gabinete de Jean-Claude Juncker e Mathias Wissman, presidente da associação automóvel alemã, a VDA, “ironicamente, o mesmo país que está a acolher a 23ª Cimeira do Clima das Nações Unidas”.
No entender da Quercus, a proposta em causa falha também “na resposta à necessidade urgente de reduzir as emissões de CO2 dos transportes, principalmente depois do aumento de 2,1% verificado no ano passado, enquanto as emissões dos outros setores estão a decrescer”.
Para cumprir a redução necessária, sublinham, os Estados-membros terão de recorrer a outro tipo de medidas mais difíceis de implementar internamente. Tais como “restrições ao tráfego automóvel, proibição dos veículos a combustão ou o aumento drástico dos impostos sobre os combustíveis fósseis”.
Outra das falhas, aponta ainda a Quercus, é que apesar de se proporem medidas para monitorizar melhor o consumo real de combustível dos veículos, a proposta “não inclui um sistema efetivo que assegure cortes reais de CO2 na condução em estrada e não apenas em testes de laboratórios viciados”.
A proposta será agora avaliada pelo Conselho e o Parlamento Europeu, que deverão sugerir alterações antes do documento final, sendo que o Parlamento Europeu já tinha apoiado previamente uma meta de redução intermédia de 18-28% em 2025, contextualiza a Quercus, apelando aos eurodeputados europeus para exigirem uma revisão ambiciosa destas metas de modo a que o setor dos transportes comece realmente a mudar e a reduzir a sua quota parte das emissões de gases com efeito de estufa”. Só assim, remata, “a União Europeia pode recuperar a liderança climática e tornar viáveis os objetivos do Acordo de Paris”.