Para Miguel Sousa Tavares há "três coisas que são absolutamente estranhas” no que diz respeito ao caso da poluição no rio Tejo.
O comentador recordou, esta segunda-feira, que duas empresas de celulose foram ilibadas do crime de poluição depois de as análises terem comprovado que estava tudo dentro dos parâmetros permitidos por lei. No entanto, o comentador considerou que “não deveriam estar porque o caudal do rio está a um terço e, por isso, os parâmetros deviam estar abaixo”.
Mas esta situação, acusou Sousa Tavares, é “culpa do ministro do Ambiente”.
Mais estranho, explicou, é todo o processo que envolve a Celtejo. O “primeiro fator estranho” diz respeito à demora em serem recolhidas amostras para análise. Sousa Tavares recordou que só ao fim de “cinco dias” é que os inspetores puderam levar a cabo o seu trabalho, tendo sido preciso pedir a intervenção da GNR.
O “segundo fator estranho” prende-se com a atuação do Ministério Público de Castelo Branco que decretou o segredo de justiça relativamente ao caso, o que, por outras palavras, significa que os resultados das análises às amostras recolhidas não serão do conhecimento geral.
E para Sousa Tavares tudo isto é “estranho” porque, por norma, o Ministério Público só interviria caso ficasse provado através das análises que a Celtejo havia agido de “má-fé deliberada” nas descargas efetuadas no rio Tejo. Descargas estas, frisou o comentador, que "representam 80% dos resíduos da empresa", o que leva o escritor a considerar que a decisão do MP é “só para proteger a Celtejo”.
Por fim, o “terceiro fator estranho” está relacionado com a empresa proprietária da Celtejo que é a Cofina que detém, também, o jornal Correio da Manhã e a revista Sábado que “são os grandes violadores do segredo de justiça”.
“Por um lado temos o Ministério Público que se dedica todos os dias a mandar informações para o Correio da Manhã e para a Sábado e do outro lado temos o mesmo Ministério Público que protege uma empresa da Cofina com o segredo de justiça”, defendeu.
Face ao exposto, Sousa Tavares reiterou ser “altamente suspeita esta declaração de segredo de justiça”, razão pela qual “merece ser investigada pelo próprio Ministério Público”.