O Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) entregou ao Governo um relatório, no mês passado, onde refere que a Ponte 25 de Abril, que faz a ligação rodoviária e ferroviária entre Lisboa e Almada, precisa de obras imediatas e urgentes. Acontece que até agora, nada foi feito.
A notícia foi avançada esta quinta-feira pela revista Visão que dá conta de que caso não sejam tomadas as devidas “medidas urgentes” ou se avance para uma “intervenção de reparação”, poderá ser preciso reduzir o tráfego de pesados e de comboios de mercadoria.
Segundo apurou a Visão, junto de uma fonte do gabinete do secretário de Estado das Infraestruturas, Guilherme W. d'Oliveira Martins, o avanço das obras está dependente de luz verde do gabinete do ministro das Finanças, Mário Centeno. No total estarão em causa 20 milhões de euros para as necessárias reparações.
Perante a notícia, o gabinete do Ministério das Finanças emitiu um comunicado a esclarecer que as obras de reparação previstas para a Ponte 25 Abril foram “atempadamente aprovadas pelos Ministérios competentes”, pelo que "não existe" nenhum projeto urgente a aguardar a autorização da tutela.
“Não existe, assim, qualquer processo a aguardar autorização do Ministério das Finanças relativo a intervenções de cariz urgente na Ponte 25 de Abril”, lê-se no documento enviado às redações.
Um esclarecimento que surgiu depois de o Bloco de Esquerda ter pedido a presença no Parlamento do ministro do Planeamento para explicar estas "notícias preocupantes", criticado o facto de ser o Estado a pagar estas obras alegadamente urgentes necessárias.
Também o CDS quer ouvir com urgência o ministro Pedro Marques, mas também o ministro das Finanças, Mário Centeno, na Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas, destacando o "historial de problemas" que o país tem com pontes.
Ao Parlamento, o PSD chamou os responsáveis pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) para perceber "quais são os ditos problemas" e se os portugueses podem "estar tranquilos quanto ao uso da ponte", remetendo para mais tarde o "apuramento de responsabilidades políticas".
PS, Governo e Presidente Marcelo pedem menos alarmismo
O Partido Socialista, pela voz do deputado André Pinotes, entrou em 'campo', para assegurar ao Bloco e CDS que os ministros das Infraestruturas e Finanças estarão em breve no Parlamento para esclarecer o estado da Ponte 25 de Abril e insurgiu-se contra "o alarme social" gerado, afastando qualquer "risco iminente".
Já a posição do Governo, manifestada pela ministra da Presidência foi a de garantir, ao início da tarde desta quinta-feira, que "os mecanismos de decisão, aprovação e criação de concursos não são instantâneos", vincando ainda que "está em bom ritmo" o processo do início das obras na ponte.
E até o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu que o Governo "fez o que devia ter feito" em relação à situação da Ponte 25 de Abril e desaconselhou alarmismos.
"Não ouvi falar de risco de colapso. Uma coisa é ouvir que há situações que exigem uma intervenção em termos de reparação, outra coisa é haver risco de colapso. Se houvesse risco de colapso a ponte estava fechada. Sobretudo havendo um relatório, que pelo que me dizem, é um relatório que já existe há algum tempo. Não sejamos alarmistas", disse Marcelo.
Dois anos de obras
Esta quarta-feira, a Infraestruturas de Portugal (IP) anunciou que a Ponte 25 de Abril vai ser alvo, durante dois anos, de trabalhos manutenção, orçamentados em 18 milhões de euros e acrescentou que o concurso público internacional para adjudicação da obra será lançado ainda este mês.
"Esta empreitada tem por objectivo a realização de um conjunto de trabalhos identificados no âmbito das actividades de inspecção e de monitorização do comportamento estrutural da Ponte 25 de Abril, promovidas em contínuo pela IP, e executadas pelo ISQ – Instituto de Soldadura e Qualidade e Laboratório Nacional de Engenharia Civil, respectivamente", referiu a empresa em comunicado.
A IP salienta que os trabalhos de manutenção realizar-se-ão durante a noite e aos fins de semana, por forma a evitar constrangimentos na circulação.