"O panorama mudou, mas não atenuou os prejuízos que já tivemos e todos os investimentos que temos tido para alimentar os animais à mão, situação que continua", disse hoje à agência Lusa a presidente da Associação dos Agricultores do Distrito de Portalegre (AADP), Fermelinda Carvalho.
Segundo a dirigente associativa, "não é por ter chovido três semanas" que as pastagens naturais se desenvolveram com celeridade", estando, por isso, os agricultores "mais otimistas" por um lado, mas ao mesmo tempo "descapitalizados".
"O que é importante explicar é a questão das pastagens naturais, elas têm o seu ciclo e esse já passou. Por mais que chova agora as pastagens já não se vão desenvolver como se fosse no período normal, nomeadamente em novembro e dezembro", explicou.
No entanto, a presidente da AADP reconheceu que "estas chuvas têm sido fantásticas", tendo "assegurado" o abeberamento do gado e permitido "uma melhoria significativa" do estado dos campos, situação que "já ninguém estava à espera".
De acordo com Fermelinda Carvalho, o problema está "praticamente resolvido" ao nível dos furos, das pequenas charcas e barragens.
A precipitação que tem sido registada no Alto Alentejo leva também a dirigente a afirmar que as searas vão poder recuperar, depois de "muitas delas", no período forte de seca, terem estado "no limite".
A presidente da AADP disse ainda acreditar que, face às previsões do tempo, as culturas de regadio "também podem vir a ser asseguradas".
Agricultor no concelho de Campo Maior, no distrito de Portalegre, Luís Machado tinha, até ao final do mês de fevereiro, de percorrer todos os dias 14 quilómetros (ida e volta) até à albufeira mais próxima para garantir o abeberamento aos mais de 230 bovinos que pastam na sua exploração.
"A situação inverteu-se, tendo acabado há cerca de 15 dias os transportes de água da albufeira do Abrilongo até à herdade. É o dia ao pé da noite", disse hoje o agricultor à Lusa.
Os poços, noras e a barragem da herdade de Luís Machado tinham secado em abril do ano passado, situação que, entretanto, se alterou.
"A minha charca já está a deitar água fora. Também fiz um furo que deu muita água, felizmente", acrescentou.
O agricultor observou ainda que as pastagens "estão a recuperar", bem como as culturas de aveia e trigo.
"O aspeto do campo é completamente diferente. Agora não pode deixar de chover e ficar o tempo seco até outubro", disse.