Numa intervenção na reta final do debate parlamentar do Programa de Estabilidade e do Programa Nacional de Reformas, Maria Luís Albuquerque criticou o executivo por, nestes documentos, continuar "a prática de prever o que se sabe que não vai acontecer, para manter a aparência que está tudo bem".
"Já vimos este filme de produção socialista no passado, até os atores são quase todos os mesmos, estava tudo a correr muito bem, até começar a correr muito mal", avisou.
A anterior ministra das Finanças do Governo PSD/CDS-PP prosseguiu as críticas, referindo-se implicitamente aos executivos socialistas liderados por António Guterres e José Sócrates.
"Na versão original do filme, acabamos num pântano, na sequela o fim foi uma bancarrota. Qualquer dos filmes foi mau e os portugueses preferiam não ter de ver nova produção, até porque já não é difícil não adivinhar como acaba", avisou.
Maria Luís Albuquerque considerou que as previsões do crescimento do Governo "são medíocres" e ainda assim acima do previsto pelos organismos internacionais, prevendo que colocarão o país mais atrás na média europeia.
"Não só continuaremos a ser mais pobres do que a maioria dos nossos parceiros europeus, como continuaremos a ser ultrapassados pelos que partiram mais de trás", criticou.
A ex-ministra das Finanças deixou ainda um alerta sobre o agravamento do défice externo, cuja correção entre 2011 e 2015 considerou "um dos mais importantes elementos da recuperação do país".
"Este mesmo indicador é de novo muito preocupante", disse, referindo que, no início da semana, o Banco de Portugal revelou que o défice externo se agravou para "mais do dobro" em fevereiro de 2019, face ao período homólogo.
Num pedido de esclarecimento, o deputado socialista Fernando Anastácio apontou que, quando Maria Luís Albuquerque foi ministra, defendia a redução do défice e solidez das contas públicas, salientando que o PS conseguiu um défice de 0,5%.
"Não foram precisos cortes para fazer isto, é esta a nossa diferença (...) Não está no momento de dizer que se enganou?", desafiou.
Na resposta, a antiga ministra salientou que "não basta conseguir défice, é importante saber como se lá chega", apontando como caminho do PS o aumento da carga fiscal e a degradação dos serviços públicos.
"Por que razão é que este Governo, com uma conjuntura económica mais favorável, fez pior que quase todos os nossos parceiros europeus? Porque tiveram oportunidade de fazer melhor e desperdiçaram?", questionou.