No final da reunião semanal no Palácio de Belém com o Presidente da República, o primeiro-ministro falou aos jornalistas começando por manifestar "solidariedade para com todos os portugueses que reagiram com um civismo exemplar a esta situação".
"O país não parou, está a funcionar normalmente. Agora o desejo que todos temos é que este esforço final de abrir as portas a um diálogo seja possível e possamos entrar nesta nova quinzena sem mais preocupações", declarou Costa.
Desde o início, disse, o Governo "empenhou-se para evitar o conflito, e temos feito o que é necessário e adequado para que, respeitando o direito à greve, evitemos que o país seja paralisado". E, depois de alcançado um acordo com a Fectrans, com o SIMM, o Executivo espera agora que "seja possível também com o SNMMP encontrar condições para que se possam sentar à mesa com a ANTRAM".
"Talvez quem tenha estado ausente nos últimos tempos", destacou Costa sem mencionar o nome do líder do PSD, "não tenha dado conta de que o Governo começou por se empenhar, no início, em que as partes evitassem o conflito, quando as partes não conseguiram entender-se, então, o Governo teve de decretar os serviços mínimos".
"Oferecemo-nos para termos a função de moderador, depois quando constatámos incumprimentos tivemos de decretar a requisição em determinadas zonas do território", lembrou, concluindo que tal prova que "a atuação [do Governo] tem sido minimalista para evitar que haja perturbações nas oportunidades de diálogo e no funcionamento normal do país".
"As coisas têm vindo a correr com a normalidade possível"
Quanto à atuação das forças de segurança, o primeiro-ministro referiu que durante estes dias "nunca tiveram de empenhar a força" e que "a generalidade dos que foram notificados respeitaram a requisição civil". Os que não cumpriram e violaram a requisição sabem, disse o chefe do Governo, que "constitui um crime, portanto, as forças da ordem fizeram o que tinham de fazer. E na generalidade, tenho ideia de três exceções, acataram".
Confrontado com a crítica feita pelo PSD de que o Governo assumiu neste conflito "um lado da barricada", o dos patrões, António Costa declarou aos jornalistas que "as únicas dores" que toma "são as do país e as dos portugueses".
"Não há português que há uma semana não estivesse preocupado. É fácil depois de tudo correr no melhor possível vir dizer que não era necessário, mas a verdade é que se não tivéssemos adotado as medidas que adotámos, talvez o país tivesse mesmo parado", sublinhou o primeiro-ministro, reiterando que o desejo neste momento, ao fim de cinco dias de greve, "é que as partes se entendam".
É razoável e essencial que se consiga agora fazer este esforço final para acabar com o único setor que se mantém em greve"
E a ausência do líder do PSD? "Rui Rio fez uma opção de estar ausente, de gozar o seu legítimo direito a férias e, provavelmente não terá acompanhado tudo aquilo que o Governo tem feito para assegurar o normal funcionamento do país", ironizou Costa, desejando ao líder do maior partido da oposição "que conclua com felicidade as suas férias".
[Notícia atualizada às 20h06]