A entrevista António Costa ao semanário Expresso ecoou pelas críticas feitas ao Bloco de Esquerda. A questão não escapou a Marques Mendes, que comentou o caso no seu espaço de comentário semanal na antena da SIC".
O “objetivo central” da entrevista, considera o social-democrata, foi a ideia de maioria absoluta, “e, nesse perspetiva, a preocupação de ir buscar voto útil”,
Para o comentador, há dois pontos em particular que destaque. Um, “é o menos falado ao longo das últimas 24h” mas é “inteligente”. Em causa está a “ideia que António Costa introduz na entrevista de dramatizar a situação económica internacional”.
“No fundo o que é que ele diz? É que todos os sinais na Europa e no mundo são de que podemos ter a caminho uma recessão e essa crise vai ter repercussões cá dentro. Por isso precisamos de um Governo forte – leia-se, um governo maioritário – para responder à crise se ela chegar”.
“Parece-me que é inteligente porque ele sabe que quando há ameaças de crises no horizonte, as pessoas valorizam a estabilidade, não querem aventuras”, onde poderá “ir buscar mais voto útil ao centro e à direita”.
Quando ao outro ponto, o que mais se destacou da entrevista – o das críticas aos bloquistas –, o comentador considera que se trata “de um ataque fortíssimo ao Bloco” com o mesmo objetivo: apontar ao voto útil.
“É um ataque fortíssimo, quase a dar a entender que o Bloco de Esquerda é um partido ligeiro, leviano, irresponsável, que só se preocupa com o mediatismo. Não quer dizer que não tenha razão nalguns pontos. Mas ele [Costa] nunca fez um ataque tão forte ao Bloco. Do meu ponto de vista é tão exagerada, que corre o risco de não ser nem muito inteligente nem muito eficaz”.
Costa, considera ainda Marques Mendes, pode ter adotado uma estratégia algo contra-producente. Uma das razões, aponta, é “que, depois da governação de José Sócrates, muita gente em Portugal tem medo de maiorias absolutas”. De resto, “um ataque tão forte faz com que o próprio Bloco se transforme em vítima”, para além de “soar até a deselegância”, depois de quatro anos de ‘geringonça’.
Ao invés do que fez com os bloquistas, o primeiro-ministro deixou elogios ao PCP. E, apesar de tudo, há algo que Marques Mendes considera que não é do campo da tática política mas simplesmente genuíno: "É ele, verdadeiramente, genuíno. António Costa não gosta do Bloco de Esquerda e gosta muito do PCP. E ele deixou vir ao de cima aquele seu lado genuíno".