Um é "de nicho", o outro do "século passado". O debate entre PSD e PAN

Esta segunda-feira realizou-se o sexto debate entre líderes com assento parlamentar rumo às legislativas.

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Natacha Nunes Costa
09/09/2019 20:59 ‧ 09/09/2019 por Natacha Nunes Costa

Política

Eleições

O líder do PSD, Rui Rio, e o líder do PAN - Pessoas - Animais - Natureza, André Silva, encontraram-se esta noite de segunda-feira, e pela primeira vez, na antena da RTP para um frente-a-frente rumo às eleições legislativas de outubro.

Antes, recorde-se, o social-democrata debateu ideias com Assunção Cristas (CDS) e o dirigente do PAN com Catarina Martins (Bloco de Esquerda).

O presidente do PSD começou o debate a acusar o PAN de ser "fundamentalista", com o porta-voz do mais recente partido representado no Parlamento a contrapor criticando o facto de os sociais-democratas não apresentarem "propostas concretas para benefício do ambiente e dos animais". Acusações que se alongaram a todo o debate, com Rio a afirmar, por exemplo, que discorda de um SNS para os animais, sustentando que "o que é sensato é gastar dinheiro no SNS para as pessoas".

O sexto debate rumo às legislativas começou com uma questão ao líder do PSD sobre que impressão tem sobre o PAN.

Rui Rio: É a ideia que têm todos os portugueses, que é um partido muito aguerrido numa área, que é a área da defesa dos direitos dos animais, menos aguerrido mas ainda assim vocacionado para a área do ambiente, mas depois naturalmente é um partido pequeno, ainda está a nascer, falta-lhe depois o resto da componente para lá disto. Se crescer há de aparecer, mas neste momento é um partido de nicho que consegue os votos de muita gente descontente com o sistema.

É um parceiro possível se o PSD ganhar as eleições?

Rui Rio: Dependeria muito do que fosse as exigências do PAN. Teriam de ser mais equilibrados. Seria difícil serem parceiros do PSD. Mas conversar, porque não se há-de conversar?!

E o André, como é que olha para Rui Rio e para o PSD?

André Silva:  O PSD há muito tempo que deixou de ser Social Democrata. Os portugueses sentem que há um vazio político no campo do centro. O PSD não tem, por exemplo, uma única proposta sobre animais. Não digo que não somos compatíveis, mas o PSD tem uma estratégia do século passado.

Porque acha que é possível avançar mais na defesa dos animais?

André Silva: Porque ainda se avançou muito pouco nos direitos dos animais. Rui Rio não tem nenhuma proposta relativa à proteção dos animais, por isso essas críticas. Ele não percebe esta luta porque, quando foi presidente da Câmara do Porto não fez nenhuma gestão nessa área. É uma questão de bondade e de evolução civilizacional. O PSD não tem um programa para a economia do século XXI.

Rui Rio: O que nós não somos é fundamentalistas, isso é que não, isto aqui é uma distinção muito grande entre o PAN e o PSD. Diria mesmo gigantesca. Eu prefiro pegar no dinheiro e dar ao Sistema Nacional de Saúde (SNS), que está a funcionar pior que mal, ou desenvolver a economia para os idosos terem dinheiro para tratar os seus animais. Discordo de um SNS para os animais. O que é sensato é gastar dinheiro no SNS para as pessoas.

PSD não tem uma estratégia sólida para a descarbonização da economiaPorque é que é necessário declarar o estado de emergência climática?

André Silva: Assumir e reconhecer e tudo devemos fazer para que, até 2030, não atinjamos o ponto de não retorno. É a partir dessa contestação que temos de intervir. Temos de tirar os carros das cidades e investir nos transportes coletivos, por exemplo. Temos de adequar o modelo económico à sustentabilidade e não encontramos isso no projeto do PSD. O PSD não tem uma estratégia sólida para a descarbonização da economia.

O PAN ainda não era nascido e já o PSD andava aqui há muito tempoRui Rio:  Concordo com tudo menos com a parte do PSD não ter medidas que vão ao encontro disso no seu programa eleitora. Este é um ato político que nos vincula. Nós temos de perceber que o planeta que vamos deixar tem de ter condições de habitação como temos, o que já não vai acontecer.  É preciso apostar nas energias renováveis e na economia circular. O PAN ainda não era nascido e já o PSD andava aqui há muito tempo. 

O PSD e Rui Rio estão a contradizer-se quanto ao Aeroporto do Montijo?

Rui Rio: Não mudei de opinião. O PSD não tem aqui no seu programa, Montijo zero. O que precisamos é de um estudo de impacto ambiental e se isso e todo o debate público mostrar que o impacto é desnecessário então temos de averiguar isso.

André Silva: O PSD tem o princípio do estraga primeiro e responde depois. A nossa posição mantém-se. Precisamos, antes de mais, de perceber qual a capacidade de carga turística do país e só a partir daí ter políticas de expansionismo. 

Portugal é o quarto país que mais compra de carros elétricos. Qual a opinião sobre este tema?

André Silva: Nós defendemos que se estimule a utilização de transportes colectivos e, dentro desses, temos de privilegiar outras formas de mobilidade.

Rui Rio: Evidentemente que sou altamente favorável. O Estado já incentiva a compra destes veículos e concordo com isso. 

O que é que mudaram, na vida pessoal e profissional, face a esta necessidade ambiental?

Rui Rio: Hoje vim do Porto para Lisboa, e à saída da minha rua parei, fui ao multibanco e paguei 1.282 euros para trocar a caldeira de minha casa por outra mais moderna que emite menos dióxido de carbono e monóxido de carbono. Até tenho aqui o recibo ainda.

André Silva: Ando transportes públicos, não como carne nem produtos de origem animal.

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