O deputado do Partido Socialistas (PS) Porfírio Silva reagiu, na tarde deste sábado, à manchete do Diário de Notícias (DN) que hoje revela que a tese do deputado do Chega, André Ventura, apresentada em 2013, contradiz o discurso que encetou durante a campanha às eleições legislativas e que agora reproduz no Parlamento.
Na tese apresentada na Universidade de Cork, na Irlanda, há seis anos, segundo o DN, André Ventura mostrava-se preocupado com a “estigmatização de minorias” e com o “discurso do medo” e criticava o excesso de detenções “sem qualquer prova concreta”, que tinham “consequências devastadoras em termos e saúde mental dos suspeitos e da própria sociedade”, ou seja, com expansão dos "poderes policiais" e a discriminação das minorias.
No mesmo documento, que foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e tem acesso fechado até dia 15 de setembro de 2022, o líder do Chega mostra-se ainda em desacordo com a castração química de agressores sexuais, algo que, durante a campanha eleitoral, sempre defendeu.
Ao ser confrontado pelo Diário de Notícias com estas contradições, André Ventura garante que “não há contradição nenhuma” entre o que escreveu na tese e o que hoje defende, defendendo que traça uma linha entre a sua opinião e conhecimento científico. “A minha tese não é uma questão de opinião, é uma questão de ciência”, disse.
Quem não concorda com estas palavras de André Ventura é Porfírio Sílva. Para o deputado socialista “quando uma pessoa diz que as suas teses académicas e as suas opiniões políticas não têm nada a ver uma coisa com a outra, sabemos que entrou definitivamente no reino da charlatanice: promover a ignorância como ferramenta política”.
Quem também já reagiu às contradições entre o discurso e a defesa de André Ventura foi o bloquista e ativista Mamadou Ba. “Coerência ventorusamente volátil”, ironizou nas redes sociais, na legenda da publicação do artigo em questão.