Em entrevista à agência Lusa, a antiga dirigente do PS, que deixou este ano o parlamento europeu, começou por considerar "vem longe" o momento da decisão sobre a posição a tomar pelo partido, de apoiar o que diz ser a "inevitável" recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa ou outro candidato próximo dos socialistas.".
Ainda assim, e na sequência de alguns apoios dentro do PS à recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa - que para Ana Gomes está em melhores condições para vencer a votação -, a antiga diplomata afirma que "não exclui que essa seja a posição" que venha a ser tomada pelo partido.
Contudo, alerta que "uma campanha eleitoral é sempre uma grande oportunidade para fazer política e discutir política" e que o PS tem muitos "militantes qualificados" para a disputar as presidenciais de janeiro de 2021.
E por isso, admite: "Não excluo que o PS tenha um candidato próprio e sobretudo acho essencial que a campanha seja uma boa campanha, com vários candidatos e que permita um debate político, independentemente de quem vier a ganhar".
Questionada pela Lusa sobre a sua eventual disponibilidade em concorrer ao cargo de Presidente da República com o apoio do PS, Ana Gomes rejeita essa pretensão.
"Nunca corri à procura de cargos, não corro à procura de cargos. A minha intervenção é de cidadania", afirmou.
A socialista, ex-eurodeputada, antiga diplomata e antiga dirigente do PS, assume-se agora como cidadã ativa, mas garante que a sua militância está intacta e que pretende manter a atividade política.
"Sou militante de base do PS com muito gosto e ainda recentemente acabei de pagar as quotas. E sou uma voz interventiva do PS e nunca tiro o meu chapéu do PS", afirmou Ana Gomes.
"Continuarei a participar e colaborar em iniciativas do PS quando for solicitada para isso", acrescentou, admitindo que, mesmo quando critica o partido, "é como socialista" que fala.
"Não pretendo enganar ninguém, sou socialista. Sou uma voz ativa do PS", garantiu ainda, ao mesmo tempo que sublinha que o partido deve defender a "autocrítica".
"Acho que represento muita gente do PS, sinto-me muito apoiada por muitos militantes e por muitos cidadãos, independentemente de serem do PS ou não", enfatizou.
Garante que a colaboração com o PS está mais ativa na secção de Sintra, à qual pertence, e que a crítica que habitualmente também faz ao partido "é natural".
"Eu tenho muito mais expectativas do meu partido do que de qualquer outro partido. É o meu. É natural que tenha uma postura crítica", concluiu.