"O CDS pode fazer o pino, uma cambalhota e um malabarismo no trapézio que, aos olhos dos portugueses, a perceção é que o CDS é um partido de direita. O CDS é um partido de direita, ponto final", afirmou o candidato.
Em entrevista à agência Lusa dias antes do 28.º congresso do partido, o atual líder da Juventude Popular defendeu que o CDS "precisa de ser aquilo que é, mais nada".
E, na ótica do centrista, essa deve ser a estratégia a adotar no futuro.
"Se nós atirarmos primeiro para a direita, que é lá que os nossos eleitores têm morada, nós conquistamos o povo para depois irmos à conquista do centro e podermos crescer porque temos o exército connosco, e é ao centro que nós nos encontramos com os nossos adversários e podemos catapultar o CDS para novos horizontes eleitorais", salientou.
Já se os centristas forem "primeiro para o centro, que é terra de ninguém", prosseguiu Francisco Rodrigues dos Santos, poderão ser "completamente trucidados pelos adversários".
"E quando batermos em retirada para a direita, queremos entrar em casa e mudaram-nos a fechadura e a nossa gente já não está lá", atirou, defendendo que o partido deverá crescer "da direita para o centro" e "ter a coragem de travar com a esquerda uma batalha cultural que existe em diversos domínios da vida em sociedade".
Sobre possíveis entendimentos futuros com o PSD, à semelhança do que aconteceu no passado, o candidato à liderança começou por destacar que "são partidos obviamente diferentes, têm um edifício de ideias e de valores diferente, o perfil dos seus dirigentes também é distinto".
Ainda assim, admitiu, "o eleitor tipo do PSD e do CDS são muito parecidos, isto é, o PSD e o CDS acabam por ser partidos justapostos".
"Naturalmente que eles, embora não sejam nossos adversários diretos, são nossos concorrentes e nós temos que conquistar esse espaço", vincou Rodrigues dos Santos.
Apesar de sinalizar que essa não é uma prioridade, o candidato não descarta uma "política de alianças", desde que seja respeitada a identidade do CDS e os centristas não se tornem num "partido parido satélite", sem "quaisquer hipóteses" de "sonhar ser um dia o primeiro partido à direita do Partido Socialista".
Na ótica do líder da Juventude Popular, "o CDS vale por si próprio" e não é "uma tendência nem uma corrente interna de nenhum outro partido".
Por isso, Francisco Rodrigues dos Santos tem "o sonho e expectativa de capacitar o CDS com todos os instrumentos humanos e políticos para ser um partido que autonomamente consiga desempenhar o poder", apesar de nunca ter governado sozinho.
Questionado sobre alianças com o Chega, Francisco Rodrigues dos Santos também não fecha a porta, desde que não haja "nenhuma violação das traves mestras nem das linhas vermelhas que são o ADN do partido".
"Eu acho que os partidos à direita do Partido Socialista devem ter as mesmas possibilidades de fazer entendimentos à semelhança daquilo que acontece com o Partido Socialista com as forças políticas à sua esquerda", argumentou.
"Nós sabemos o seguinte, é que há partidos emergentes à nossa direita, e nós que gostávamos tanto de dizer que à nossa direita existia uma parede, pelos vistos essa parte era de pladur porque ruiu", assinalou, destacando que "existe um elefante na sala, numa loja de porcelanas que está a partir a loiça toda".
Apesar disso, Francisco Rodrigues dos Santos defende que "o CDS deve focar-se em si para se reposicionar novamente, preencher um espaço que sempre foi o seu", e não se "preocupar com os partidos do lado", afirmando-se como a "fronteira de todos os extremismos".
Descolando-se da frase da atual líder Assunção Cristas, quando disse, em 2018, estar pronta para ser primeira-ministra, o centrista descartou colocar-se "em bicos de pés" ou "achar que um resultado autárquico é suficiente para legitimar essas expectativas".
"Eu acho que a ambição nunca fez mal a ninguém desde que não resvale num umbiguismo e num ego que transcende a dimensão do próprio partido", criticou.
Os candidatos à liderança do CDS são Abel Matos Santos, João Almeida, Filipe Lobo d'Ávila, Francisco Rodrigues dos Santos e Carlos Meira.
O 28.º congresso nacional, marcado para 25 e 26 de janeiro em Aveiro, vai eleger o sucessor de Assunção Cristas na liderança dos centristas, que decidiu deixar o cargo na sequência dos maus resultados nas legislativas de outubro de 2019 - 4,2% e cinco deputados.