Novo aeroporto: De "pássaros não são estúpidos" a "avaliação rigorosa"
A construção desta infraestrutura voltou a estar no centro das atenções pelas consequências que poderá ter nos habitats e animais que vivem no estuário do Tejo.
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Política Aeroporto do Montjo
Alberto Souto de Miranda, secretário de Estado adjunto e das Comunicações, saiu esta terça-feira em defesa do aeroporto do Montijo, num artigo de opinião divulgado no jornal Público.
Ressalvando que "não há aeroportos sem impactos" e admitindo que o "risco mais sério são as colisões de aves com aviões", o responsável escreveu que "os pássaros não são estúpidos e é provável que se adaptem", sustentando que "este postulado arriscado é tão cientificamente sólido como o seu contrário: o de que eles não vão encontrar outras rotas migratórias, outras paragens estalajadeiras, como no Mouchão. Ciência sem dados comprovados não é ciência".
As palavras de Alberto Souto de Miranda não passaram despercebidas no espaço público.
"Quem sou eu para duvidar da inteligência dos pássaros. Já quanto à lucidez de alguns titulares públicos que arriscam uma decisão destas confiando na superior “adaptação” dos ditos inteligentes com asas, enfim...", escreveu, nas redes sociais, Carlos Abreu Amorim, ex-deputado do PSD.
No mesmo dia, a criação de uma petição por uma associação holandesa de defesa das aves acrescentou mais um possível entrave à construção do novo aeroporto do Montijo.
O abaixo-assinado, que já conta com mais de 26 mil assinaturas, opõe-se à construção da infraestrutura em nome de milhares de aves e, em particular, do maçarico-de-bico-direito - uma ave símbolo daquele país - que estarão em risco por causa da construção do aeroporto, visto que utilizam o estuário do Tejo como ponto de passagem na sua migração anual.
Ora, o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, confrontado por jornalistas com as queixas da associação holandesa de proteção das aves, garantiu que a avaliação de impacto ambiental do futuro aeroporto do Montijo foi "muito rigorosa" e que apresenta alternativas para a comunidade de animais que ali se encontra.
O governante sublinhou que a declaração de Impacto Ambiental do Aeroporto do Montijo "foi discutida publicamente, foi discutida tecnicamente, e tem um conjunto de medidas de compensação e de minimização dos impactos ambientais" e que a avaliação "concluiu que os impactos que existem podem ser minimizados".
"Na parte aérea que é afetada da Reserva Natural do Estuário do Tejo ela é compensada por outras áreas que até são de maior dimensão" destinada à população de aves, nomeadamente algumas salinas na margem sul", concluiu Matos Fernandes à margem da apresentação do novo concurso de transportes da Área Metropolitana de Lisboa.
Recorde-se que em 8 de janeiro de 2019, a ANA - Aeroportos de Portugal e o Estado assinaram o acordo para a expansão da capacidade aeroportuária de Lisboa, com um investimento de 1,15 mil milhões de euros até 2028 para aumentar o atual aeroporto de Lisboa e transformar a base aérea do Montijo, na margem sul do Tejo, num novo aeroporto.
O aeroporto do Montijo poderá ter os primeiros trabalhos no terreno já este ano, depois da emissão da Declaração de Impacto Ambiental (DIA) e da reorganização do espaço aéreo militar e após os vários avanços registados em 2019.
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