Wopke Hoekstra, ministro das Finanças da Holanda, pediu desculpa esta terça-feira pelas declarações que proferiu sobre os países do sul da União Europeia na última reunião do Conselho Europeu.
Em declarações à imprensa holandesa, Hoekstra admitiu que "deveríamos ter reagido melhor, inclusive eu", reconhecendo que as suas declarações na videoconferência do Conselho Europeu, bem como as do primeiro-ministro Mark Rutte, foram mal recebidas.
"Tem muito a ver com a forma como o dissemos. Não estivemos bem. Não demonstrei suficiente empatia na minha mensagem, e isso levou a resistências. Quando causas tanta tempestade como agora, aparentemente é porque não te saíste bem. Expressámos bem o que não queríamos, mas não conseguimos fazer passar o que queremos. Eu deveria ter feito melhor", confessou o ministro das Finanças holandês em entrevista ao canal de televisão holandês RTL Z.
Em causa está o facto do governante ter defendido que a Comissão Europeia devia investigar o facto de Itália ou Espanha não terem margem orçamental para lidar com os efeitos da crise do novo coronavírus.
"Esta é principalmente uma crise de saúde. Estou em constante discussão com os meus colegas. Uma União Europeia forte também é do nosso interesse. Devíamos ter reagido melhor, incluindo eu próprio", explicou ainda Hoekstra.
Recorde-se que estas declarações geraram uma reação muito crítica por parte de António Costa. O primeiro-ministro português qualificou, na passada quinta-feira, de "repugnante" e contrária ao espírito da União Europeia (UE) as declarações do ministro das Finanças holandês pedindo que Espanha seja investigada por não ter capacidade orçamental para fazer face à pandemia.
"Esse discurso é repugnante no quadro de uma União Europeia. E a expressão é mesmo essa. Repugnante", disse António Costa na conferência de imprensa que se seguiu ao Conselho Europeu extraordinário de quinta-feira, acrescentando que as palavras do ministro holandês foram de "uma absoluta inconsciência" e de uma "mesquinhez recorrente", que "mina completamente aquilo que é o espírito da União Europeia e que é uma ameaça ao futuro da União Europeia".
Outras criticas surgiram sobretudo de Espanha e Itália, mas até dos parceiros de coligação no Governo holandês, que admitiram recear que as declarações de Hoekstra resultassem num "desastre diplomático" difícil de reparar.
Na mesma entrevista, Wopke Hoekstra reiterou a oposição à emissão de 'coronabonds', defendida por países como Itália, Espanha e Portugal, mas admitiu que a Holanda poderá contribuir "com mais do que a sua parte" para a "atribuição de dinheiro novo" a um programa europeu que possa ajudar a mitigar os efeitos da pandemia do novo coronavírus na Europa.
"Quanto às coronabonds, ou eurobonds, ou lá como queiram chamar, não é prudente. É uma solução para um problema que não existe agora", disse Hoekstra.