Catarina Martins deixou, ontem, na rede social Facebook, um comentário à morte de um cidadão ucraniano - quando estava à guarda de elementos do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras - no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, no passado mês de março. A coordenadora do Bloco de Esquerda refere que se trata de "um crime terrível, que mina a democracia: um cidadão torturado e assassinado por forças de segurança do Estado português".
Para a líder do partido, "este crime não pode ficar sem consequências sérias. Na justiça, que deve investigar o crime e condenar os responsáveis. Mas também consequências políticas, porque este crime só aconteceu porque tudo funcionou mal."
Catarina Martins continua, afirmando que "os centros de detenção dos aeroportos têm sido denunciados, por entidades nacionais e internacionais, como espaços de suspensão do Estado de Direito" e "não se pode manter um modelo que é, na verdade, um offshore de impunidade".
"É absolutamente inaceitável a prática dos juízes que assinam de cruz, por email, o prolongamento das detenções nestes centros para além de 48h, sem ouvir detidos ou representantes seus", considera.
Sendo que "não podemos reparar a perda da vida de um homem que procurava um futuro melhor para a sua família" devemos, na ótica da coordenadora do Bloco, "reparar a democracia, fazer justiça e mudar a atuação do SEF para que nada disto possa repetir-se".
"A deputada Beatriz Dias chamou o Ministro da Administração Interna ao parlamento, onde reconheceu que houve negligência e encobrimento. O Bloco vai cobrar cada medida. E não esquerecemos que, para Ihor Homenyuk, para os seus filhos, elas chegarão tarde demais", conclui.
Recorde-se que este caso levou à detenção deteve dos três presumíveis autores de crime de homicídio, de 42, 43 e 47 anos, que integram os quadros do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras. Esta quarta-feira, Eduardo Cabrita, ministro da Administração Interna, disse no Parlamento que houve "negligência grosseira e encobrimento gravíssimo" do SEF no caso da morte deste cidadão ucraniano, avançando que tudo isto "terá de ter consequências".