Governo está a "tentar parar incêndio" para depois reagir com medidas
O economista Álvaro Santos Pereira diz que as iniciativas tomadas pelo Governo para minimizar a crise causada pela covid-19 são as medidas "padrão" para parar "o incêndio", mas que, depois, terão de ser tomadas outras para estimular a economia.
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Política Covid-19
As medidas adotadas pelo Governo são "as medidas padrão adotadas em toda a Europa", sublinha, em entrevista à Lusa, o diretor de estudos específicos por país do departamento de Economia da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), adiantando que esta organização analisa "as medidas que os vários países tomaram nas últimas semanas" e a conclusão a que chega é que são "medidas praticamente universais na grande parte dos países: 'lay-off', para tentar segurar as pessoas nas empresas com menos custos, deferimento de impostos, deferimento de contribuições sociais, deferimentos pagamentos de juros..."
"No fundo, está a parar-se o incêndio para que se possa reagir", adianta o economista, assegurando que "quando se sair do confinamento, quando se começar a ver o tempo que isto vai durar e, principalmente, que empresas não aguentaram, o desemprego que existe, quando se começar a perceber um pouco mais essas variáveis, vão ter de haver medidas para estimular a economia".
E à cabeça das medidas a implementar, Álvaro Santos Pereira aponta para aquelas que permitam ajudar as empresas a manter postos de trabalho e a voltar a contratar.
"Terá de haver medidas para apoiar a contratação, porque vai haver mais desemprego. E vão ter que haver medidas para que pessoas não sejam despedidas, especialmente os que têm relações de trabalho mais precárias", explica o antigo ministro da Economia no governo liderado por Passos Coelho.
O economista diz que vai ser preciso aumentar "flexibilidade" no trabalho e exemplifica com algumas dessas medidas: "renovação extraordinária dos contratos a prazo ou utilização novamente de uma forma mais abrangente do banco de horas, quer coletivo ou individual."
"Este tipo de mecanismo vai ter que aumentar para aumentar a flexibilidade, para ajudar as empresas a recuperarem neste período de crise", assegura o economista.
Além deste tipo de medidas, o antigo governante diz ainda que serão adotadas medidas para apoiar setores específicos da economia portuguesa que tenham sido mais afetados, como o turismo, a aviação ou a restauração, e também poderão surgir medidas para regiões que também tenham sido mais afetadas pela crise.
O "Grande Confinamento" levou o Fundo Monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 3% em 2020, arrastada por uma contração de 5,9% nos Estados Unidos, de 7,5% na zona euro e de 5,2% no Japão.
Para Portugal, o FMI prevê uma recessão de 8% e uma taxa de desemprego de 13,9% em 2020.
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