Catarina Martins falou aos jornalistas após ter estado reunida com o primeiro-ministro, garantindo que o Bloco de Esquerda foi a São Bento também para "chamar a atenção do Governo para o facto de haver medidas que não podem esperar pelo Orçamento Suplementar para serem implementadas".
"Há medidas que têm de ser implementadas rapidamente e não podem esperar pelo orçamento", reiterou a coordenadora do partido que levou "três preocupações" a António Costa.
"Não é possível uma manutenção da desvalorização salarial prolongada por via do lay-off, ou seja, continuar o lay-off como está até agora durante mais meses", uma vez que isto "significa que todas as pessoas que ganham mais do que o salário mínimo estão a ter uma perda salarial, estão os salários em Portugal a serem redesenhados em baixa", começou por apontar.
O "redesenho de uma medida que venha a substituir a atual", prosseguiu Catarina Martins, "deve ter em conta a necessidade de os salários serem pagos a 100%". Não pondo de lado que "haja medidas para manter o emprego e apoiar as empresas para a manutenção do emprego", afirmou também ser "importante que essas medidas tenham em conta que os salários" sejam pagos na totalidade.
Em segundo lugar, a coordenadora do Bloco de Esquerda falou das medidas que "dizem respeito à emergência social", não só "prolongar as que estão para terminar em breve" mas também "aprofundar os apoios sociais, garantindo o direito à habitação, aos bens essenciais, comunicações e o reforço dos apoios emergentes", como os alimentares.
Em terceiro, foram ainda discutidas medidas sobre as empresas. "Se é certo que as empresas precisam de apoio - é importante que as empresas não estejam a fazer pagamentos por conta relativos a lucro que tiveram o ano passado quando este ano estiveram em dificuldade - achamos também que há setores que ganham com a crise e que devem ser chamados a uma contribuição extraordinária", dando um como exemplo o setor dos seguros, uma vez que estes "não gastaram" nem têm "nenhuma cobertura que corresponda a este momento", mas os prémios não desceram.
Questionada sobre a visão transmitida pelo Governo quanto ao lay-off, a Coordenadora do BE disse que "cabe ao Executivo dizer o que está a pensar". "Esta medida é transitória, é credível que não seja possível todas as empresas voltarem ao ativo e voltarem a pagar os salários por inteiro e sejam precisas medidas de apoio às empresas mais prolongadas do que este tempo de lay-off, o que dizemos é que no desenho dessas medidas - seja do tipo de lay-off ou de outro tipo de apoio ao emprego - se deve considerar a manutenção dos salários a 100% e a proteção dos trabalhadores a prazo", frisou.
O Bloco debateu também com António Costa "medidas de alívio fiscal para as empresas e apoios diretos às empresas". "Nós vemos a necessidade de apoiar as empresas e não partir do princípio que, neste momento, as empresas têm os lucros que tiveram no ano passado", com Catarina Martins a defender que "não se pode pedir pagamentos por conta em nome de lucros passados", mas também "se deve proibir a distribuição de dividendos em nome de lucros passados".
De recordar que o primeiro-ministro, António Costa, começou hoje a receber os partidos com representação parlamentar na residência oficial, em São Bento, para lhes apresentar a proposta de programa de estabilização económica e social decorrente da pandemia de Covid-19.
[Última atualização às 17h45]