Arménio Carlos, ex-secretário-geral da CGTP, não está disponível para qualquer cargo com responsabilidades políticas "acrescidas", nomeadamente o cargo de secretário-geral do PCP.
"A minha disponibilidade [no partido] já foi afirmada há muito tempo e ela passa necessariamente pelo regresso ao local de trabalho [na Carris], onde eu estou", afirmou Arménio Carlos, em declarações à SIC, este domingo, na festa do Avante!.
O ex-dirigente sindicalista não está, portanto, disponível para suceder a Jerónimo de Sousa. "Não estarei disponível para qualquer cargo, nomeadamente de secretário-geral do PCP", posicionou-se, acrescentando que o seu papel passa por ser militante-base, sendo sua missão "estar na retaguarda" e não na primeira fila.
Arménio Carlos afirmou que, nessa retaguarda, continuará a assumir "um nível de responsabilidade acrescida de poder contribuir [para o partido], juntamente com o coletivo" e a "dar sequência a um trabalho que necessariamente terá que ser desenvolvido e que terá que levar a que o país tenha uma outra perspetiva de desenvolvimento". "Particularmente neste momento muito difícil para os trabalhadores, e nomeadamente os trabalhadores precários", vincou, colocando como questão central a legislação laboral, a necessidade de uma mais justa redistribuição dos rendimentos, de valorizar o trabalho e os trabalhadores.
O antecessor de Isabel Camarinha concretizou ainda que é preciso valorizar os trabalhadores da saúde e dos serviços públicos. "Não podemos, quando estamos aflitos, considerar que os trabalhadores da saúde e dos serviços públicos são uns heróis, para depois, quando chega ao Orçamento do Estado, tratá-los como vilões, anunciando que não pode haver aumentos salariais". "Não há melhores serviços públicos sem um investimento na melhoria da qualidade", finalizou.
O XXI Congresso Nacional do PCP está marcado para decorrer entre 27 e 29 de novembro, no Pavilhão Paz e Amizade, em Loures. Jerónimo de Sousa admitiu em 2019, pela primeira vez, não se recandidatar à liderança do partido porque "é da lei da vida", embora frisando não ir "calçar as pantufas" e mantendo-se como militante comunista.