PSD recusa "aproveitamento partidário" de descontentamentos

O presidente do PSD defendeu hoje que a situação do país não dá margem de manobra para "retóricas estéreis ou aproveitamento partidário" de descontentamentos, dizendo que cabe ao Governo "a responsabilidade" da utilização seletiva do estado de emergência.

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Lusa
06/11/2020 16:58 ‧ 06/11/2020 por Lusa

Política

Rui Rio

 

No debate parlamentar sobre uma nova declaração do estado de emergência em Portugal, Rui Rio começou por se dirigir ao presidente da Assembleia da República e deputados, e fez questão de notar a ausência de António Costa.

"Ia dizer senhor primeiro-ministro, mas não", disse, referindo-se ao facto de o Governo estar hoje representado no debate pelo ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita.

Na sua intervenção, Rio defendeu que, em democracia, "os direitos, liberdades e garantias têm de estar hierarquizados"

"Não podemos cair no fundamentalismo - para não dizer no ridículo - de não abdicar temporariamente de um direito menor em nome de um direito maior", disse.

Frisando que a situação sanitária e económica do país "é hoje mais delicada do que era há oito meses atrás", o presidente do PSD frisou que é necessário "reduzir drasticamente o ritmo de expansão da doença, no sentido de evitar que os hospitais cheguem ao ponto de ter de decidir quem conseguem tratar e quem têm de deixar para trás"

"O sentido de Estado e a solidariedade para com os mais vulneráveis não dão ao PSD qualquer margem de manobra para retóricas estéreis ou aproveitamento partidário de descontentamentos decorrentes da difícil situação que estamos a viver", defendeu.

Para o presidente do PSD, é o tempo dos responsáveis políticos "assumirem as suas responsabilidades (...) sem cuidar de medir a popularidade ou impopularidade das medidas que as circunstâncias nos impõem".

O presidente do PSD reiterou o voto a favor do partido desta declaração do estado de emergência, mas defendeu que a responsabilidade da aplicação cabe agora ao Governo.

"Declarado o Estado de Emergência, caberá ao Governo a responsabilidade da sua utilização; que se pretende seletiva, de forma a que, em defesa da saúde pública e da economia nacional, se trate igual o que é igual e diferente o que é diferente", defendeu.

Rui Rio alertou que a "crescente debilidade" da situação económica e social "impõe uma utilização destas restrições apenas na estrita medida do necessário".

"Se é verdade que temos de vencer a covid, também nunca podemos esquecer as gravíssimas consequências económicas e sociais que elas acarretam. Compete ao Governo responder no tempo certo às exigências da situação e encontrar o justo equilíbrio entre o confinamento necessário e os limites da nossa capacidade económica e social", considerou.

O presidente do PSD frisou, por outro lado, que a evolução da situação depende também da responsabilidade individual.

"Cabe a todos e cada um de nós o cumprimento rigoroso das regras de comportamento individual e coletivo, que são o primeiro mandamento do combate que todos estamos a travar", salientou.

Para Rio, o atual decreto "permite que o Governo possa tomar as medidas que, neste momento, se afiguram como indispensáveis" ao nível da mobilização de meios e de reforço do distanciamento social.

"O Decreto que o Senhor Presidente da República propõe a esta Assembleia, merece, por isso, a nossa aprovação", frisou.

A Assembleia da República debate e vota hoje o novo projeto de decreto do Presidente da República que declara o estado de emergência em Portugal entre 09 e 23 de novembro para permitir medidas de contenção da covid-19.

Portugal contabiliza pelo menos 2.792 mortos associados à covid-19 em 166.900 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).

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