Foi divulgada, esta terça-feira, uma carta aberta intitulada 'A clareza que defendemos', na qual 52 personalidades do centro-direita assinam um manifesto que alerta para "uma inquietante deriva e uma insustentável amálgama na política europeia e americana", que faz o seu caminho entre "forças da direita autoritária e partidos conservadores, liberais, moderados e reformistas".
"Estas tendências exigem uma tomada de posição. A deriva deve ser enfrentada. E a amálgama tem de terminar quanto antes, sem cumplicidades nem tibiezas", começa por ser declarado no documento, publicado no jornal Público e assinado por figuras como Adolfo Mesquita Nunes, Ana Rita Bessa, Carlos Guimarães Pinto, Henrique Raposo ou Pedro Mexia.
De acordo com os mais de 50 subscritores, neste momento, é preciso ter presente que "uma coisa é os movimentos nacional-populistas, xenófobos e autocráticos assumirem aquilo que são" e "outra, mais grave, é o espaço não-socialista deixar-se confundir com políticos e políticas que menosprezam as regras democráticas, estigmatizam etnias ou credos, acicatam divisionismos, normalizam a linguagem insultuosa, agitam fantasmas históricos, degradam as instituições".
"A aceitação desta amálgama ideológica por parte das direitas democráticas constitui uma afronta à sua história e o prenúncio de um colapso moral. (...) O espaço do centro-direita e da direita portuguesa não é o do extremismo, seja esse extremismo convicto ou oportunista", é argumentado.
Mas, a esquerda portuguesa também não é esquecida. Contudo, apesar de ser apontado que "muitos à esquerda têm cedido a frentismos que anteriormente rejeitavam", é defendido que estas "derivas" não devem ser respondidas com "os não-socialistas" a cooptarem com "os radicalismos de sentido contrário". E, é acrescentado: "A democracia liberal precisa de soluções consistentes e exequíveis, não de discursos demagógicos, incendiários, revanchistas".
Garantindo que o objetivo desta carta aberta não é de contestar a "legitimidade dos novos movimentos de direita" ou de ignorar "as razões de descontentamento e exasperação dos seus apoiantes", o manifesto termina concluindo que, ainda assim, "não se responde à deriva com a amálgama": "É preciso deixar bem claro que as direitas democráticas não têm terreno comum com os iliberalismos. É essa clareza que defendemos".
É de recordar que a publicação desta carta aberta surge dias após ter sido assinado um acordo com o Chega que permitiu o apoio parlamentar ao PSD no Governo Regional dos Açores, apesar de não haver qualquer menção no documento sobre a situação.