Catarina Martins, líder do Bloco de Esquerda (BE), esclareceu, esta quarta-feira, que o partido irá decidir o seu voto sobre uma eventual renovação do Estado de Emergência após uma análise do decreto, mas, mostrando-se favorável à prorrogação da figura jurídica, a dirigente sublinhou que é preciso que medidas que sejam implementadas sejam fundadas cientificamente.
"É necessário que as medidas sejam fundadas na evidência científica e que haja uma comunicação do risco adequada à população", avaliou, em declarações prestadas aos jornalistas à saída do Palácio de Belém, após a audiência com o Presidente da República.
Para a coordenadora do BE, as medidas de contenção da pandemia exigem mais "medidas de apoio económico e social". "Vamos já no nono mês de crise, há setores económicos em rutura, muita gente em enormes dificuldades", acrescentou.
Contudo, Catarina Martins denotou também que o Estado de Emergência permite ao Governo "uma intervenção mais forte na área da saúde" e que, ao contrário do que o Bloco de Esquerda esperava, o que se tem verificado é, por um lado, "uma fragilização do Serviço Nacional de Saúde" e, por outro, "o Executivo está a gastar milhares de milhões de euros em pagamentos a privados e esses preços não têm sido revistos".
"Por isso, achamos estranho que o Estado de Emergência não possa ser utilizado também para que os recursos públicos possam ser usados de uma forma mais eficiente", argumentou, acrescentando que "não faz sentido" que haja "quem esteja a lucrar com a crise".
Mais, para Catarina Martins, o Governo tem feito "tudo pelos mínimos", considerando que "esta crise não é mínima, é máxima".
"É uma crise pandémica grave. É tempo de o Governo se deixar de medidas mínimas e ter medidas robustas capazes de apoio económico e social que tempere as restrições pedidas às populações", defendeu.
Catarina Martins foi acompanhada pelo líder parlamentar, Pedro Filipe Soares, na audiência pelo chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, que está a ouvir os nove partidos com assento parlamentar desde terça-feira sobre a pandemia de Covid-19, o Estado de Emergência e o Orçamento do Estado para 2021.