Plano de reestruturação vai ao Parlamento. Se chumbar, "é o fim da TAP"

Marques Mendes anunciou, este domingo, que o Governo vai levar o plano de reestruturação da TAP a discussão e votação no Parlamento.

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Filipa Matias Pereira
06/12/2020 23:31 ‧ 06/12/2020 por Filipa Matias Pereira

Política

TAP

Depois de passar pelo 'crivo' da Comissão Europeia, o plano de reestruturação da TAP será apresentado pelo Governo na Assembleia da República (AR) para ser debatido e votado. O anúncio foi feito por Luís Marques Mendes, no seu habitual espaço de comentário na antena da SIC Notícias.

Politicamente, considerou o comentador, este que é um "tema quente" vai "tornar-se mais quente". De acordo com o ex-líder partidário, "o Governo até já informou o PSD, como principal partido da oposição", que, "depois de o plano de reestruturação ser aprovado em Bruxelas, vai querer levá-lo a discussão e a votação na AR".

Para Marques Mendes, esta é uma "decisão correta porque vai implicar dinheiro do Estado até 2023 e é melhor definir as regras do jogo desde o início". Porém, acrescentou, "é arriscado. Como o Governo não tem maioria no Parlamento, se isto chumbar, é o fim da TAP".

Ainda em relação à TAP, Marques Mendes partilha do entendimento que "os sindicatos têm todo o direito de fazer os protestos que fazem. É natural, é compreensível que o façam".

Recorde-se, com efeito, que o Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) escreveu ao Governo apelando para que se negoceie com Bruxelas o adiamento da apresentação do Plano de Reestruturação da TAP, denunciando que o documento está baseado em previsões de mercado "completamente desatualizadas".

"As projeções de evolução do mercado subjacentes ao Plano datam de outubro de 2020, e nelas não se encontram refletidas as evoluções recentes da situação da pandemia Covid-19, designadamente o impacto da descoberta das vacinas e dos planos de vacinação que se encontram neste momento em elaboração", escreveu o sindicato na carta enviada ao ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, datada de 30 de novembro.

Os constantes prejuízos da companhia aérea também foram analisados pelo comentador, que considerou que, "durante muitos anos, a TAP era uma espécie de 'vaca sagrada', havia uma grande tolerância para com os prejuízos. O Estado metia dinheiro na TAP e ninguém se incomodava com isso".

Mas esse cenário "mudou. Esse grau de tolerância hoje em dia já não existe. Uma parte grande dos portugueses já não acha grande coisa esta ideia de permanente prejuízo. Tenham cuidado porque o dossiê TAP já não é tão popular", advertiu.

Nos últimos 11 anos, destacou, "a TAP só teve lucros uma única vez, em 2017. Em 2018 e 2019, em que o país teve crescimento, teve um 'boom' turístico, a TAP deu prejuízo. Há aqui um problema de antes da pandemia, que é um problema de necessidade de reestruturação".

O futuro da TAP, para Marques Mendes, deveria passar por esta ser "uma empresa maioritariamente privada, em que o Estado paga, mas paga só as missões de serviço público, tudo o resto são as regras da concorrência e essa é a questão que se vai colocar agora no debate de Bruxelas".

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