No final de uma visita a uma esquadra em Odivelas, a diplomata foi questionada sobre a posição do atual chefe de Estado e recandidato de que seria "uma aventura" mudar de Presidente da República a meio da pandemia, assumida numa entrevista à Rádio Renascença e ao Público.
"Os americanos foram às urnas numa mobilização excecional para se verem livres de um Presidente da República que não servia e todos respirámos de alívio, não foi nenhum obstáculo, até foi uma condição para agora serem tomadas medidas que se impunham há muito tempo", contrapôs.
Questionada se estava a comparar Marcelo Rebelo de Sousa a Donald Trump, a candidata respondeu negativamente.
"Não, não estou a comparar. Mas o professor Marcelo Rebelo de Sousa é responsável pela subida dos adeptos de Trump também no nosso país, desde logo normalizando as forças políticas que fazem de Trump um herói e que seguem a mesma metodologia", considerou.
"Sim, nesse sentido, e com as devidas distâncias, o professor Marcelo Rebelo de Sousa tem tremendas responsabilidades, até pelo facto de prescindir de fazer campanha", afirmou, criticando que o seu adversário apenas tenha iniciado esta atividade há poucos dias e ironizando que até anda a "seguir" os seus passos, visitando hoje associações de bombeiros, como fez Ana Gomes esta manhã, primeiro em Carnaxide e depois em Odivelas.
Desafiada a responder qual será o primeiro incêndio que terá de apagar se chegar a Belém, Ana Gomes considerou que são muitos - "uma das características das mulheres é que são polivalentes" - e acabou a balizar como seria a sua articulação com o Governo.
"É evidente que esses fogos têm de ser apagados em articulação leal e franca com o Governo, mas vigilante, é esse o papel que queremos do Presidente da República", disse.
Ana Gomes assegurou que, se ganhar as presidenciais, pretende "usar até ao último centímetro" os poderes conferidos pela Constituição.
"Quem elegemos para Presidente da República não é para ser decorativo, não é para fazer muitos sorrisos e dar palmadinhas e abraços. Os afetos são importantes, mas mais é ser vigilante e estar em permanente articulação com o Governo, o Presidente da República e os tribunais e garantir que servem os cidadãos", disse.
As eleições presidenciais, que se realizam em plena pandemia de covid-19 em Portugal, estão marcadas para 24 de janeiro e esta é a 10.ª vez que os portugueses são chamados a escolher o Presidente da República em democracia, desde 1976. A campanha eleitoral decorre até 22 de janeiro.
Concorrem às eleições sete candidatos, Marisa Matias (apoiada pelo Bloco de Esquerda), Marcelo Rebelo de Sousa (PSD e CDS/PP) Tiago Mayan Gonçalves (Iniciativa Liberal), André Ventura (Chega), Vitorino Silva, mais conhecido por Tino de Rans, João Ferreira (PCP e PEV) e a militante do PS Ana Gomes (PAN e Livre).
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