No dia em que Portugal atingiu um novo recorde de internamentos devido à covid-19 e a ministra da Saúde admitiu que todo o sistema de Saúde, incluindo Serviço Nacional de Saúde (SNS), setor social e privado e estruturas de retaguarda, está próximo do limite, Ana Gomes voltou a insistir na necessidade de uma requisição civil.
"Este é o dia em que mais do que nunca temos de pedir que se ultrapassem as diferenças ideológicas, já que há quem explique com isso a demora de requisitar a capacidade instalada dos privados e do setor social", afirmou a militante do PS e antiga eurodeputada socialista, na conversa online que promove diariamente nas suas redes sociais, hoje sobre o tema "Portugal, país socialmente justo, para todas as gerações".
"Esta é a altura dos que têm a responsabilidade do Estado, quer ao nível do Governo quer da Presidência da República, assumirem que temos de ultrapassar querelas ideológicas e temos que mobilizar num esforço de unidade nacional todos os recursos disponíveis para não permitirmos a rutura dos serviços básicos de saúde", apelou.
Ana Gomes pediu ainda aos portugueses que estejam "mais vigilantes do que nunca e com o máximo sentido de responsabilidade", considerando que todas as medidas serão inúteis "se os portugueses não sentirem que é sua responsabilidade protegerem-se e protegerem os outros".
Numa conversa que versou também sobre temas do trabalho, Ana Gomes criticou um modelo assente nos baixos salários e deixou um reparo ao atual Presidente a República e recandidato ao cargo, Marcelo Rebelo de Sousa.
"Muitas vezes vimos as ordens profissionais e as associações empresariais serem recebidas em Belém e raramente vimos associações e representantes sindicais serem recebidas no Palácio de Belém", afirmou, considerando que dar mais força à concertação social "só vai favorecer a força negocial dos que representam a esmagadora maioria dos trabalhadores".
Uma das convidadas do debate online de hoje foi a líder parlamentar do PAN (partido que apoia Ana Gomes, a par do Livre), Inês Sousa Real, que apelou a que o próximo inquilino de Belém seja "uma voz ativa" nos temas da justiça social e desafios climáticos e deixou um repto para as presidenciais de 24 de janeiro.
"A injustiça social também se manifesta nos nossos direitos políticos e nestas eleições há um repto que não tem sido feito e que é da mais elementar justiça que o seja: ao longo de mais cem anos de implantação da República nunca tivemos uma mulher eleita como Presidente da República", salientou.
Para a deputada do PAN, Ana Gomes é "uma candidata completa, que se apresenta como democrata, progressista", mas representa também um sinal para "todas as meninas e mulheres a quem disseram que não podiam estar representadas nos mais altos cargos da nação".
"No próximo dia 24, Ana Gomes convoca-nos a todos, mulheres e homens, a lutar por estes ideais, mas também para que se faça história e se corrija um erro histórico de nunca termos tido uma mulher Presidente da República", apelou.
Devido à pandemia de covid-19, Ana Gomes substituiu os tradicionais comícios ou sessões de esclarecimento com eleitores por conversas online, transmitidas diariamente em direto nas redes sociais da candidata pelas 18:00, com figuras políticas e especialistas nas áreas dos vários compromissos, uma iniciativa intitulada "Portugal é consigo, Portugal é connosco".
Na segunda-feira, terá como tema "Justiça, transparência e corrupção" e contará, entre os convidados, com o ex-ministro da Justiça Vera Jardim.
Para quinta-feira, também o pré-encerramento da campanha de Ana Gomes será feito via redes sociais, estando previsto um comício virtual com "pelo menos 2.000 pessoas a seguirem o evento", de acordo com a candidatura.
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