Marcelo Rebelo de Sousa reafirmou esta segunda-feira que assume a máxima responsabilidade pela condução do combate à pandemia no país.
Em declarações aos jornalistas numa visita à Santa Casa da Misericórdia da Azambuja, o Presidente recandidato a Belém disse que não foi apenas o Governo que não previu a terceira vaga da pandemia, trazendo a si a responsabilidade máxima.
"O Governo não previu, quer dizer, nós não previmos. Já disse que assumo a máxima responsabilidade", afirmou, acrescentando: "E já disse várias vezes que ocupados com a situação na Grande Lisboa, tal como muitos outros países, pensámos que a segunda vaga vinha no outono/inverno, veio entre o verão e o outono. Isso é um facto. E isso levou a um erro de cálculo", afirmou.
As medidas que serão anunciadas hoje "estão a ser ainda ajustadas", disse Marcelo, não querendo antecipar-se ao Executivo. "Vou saber quais são as medidas e, depois, depende da amplitude das medidas. Se forem medidas que não impõe uma alteração nos diplomas que tenho de assinar, não vem ao Presidente. Se impuser uma alteração nomeadamente ao decreto do Estado de Emergência, são assinadas pelo Presidente", explicou.
O Chefe de Estado aproveitou para estabelecer as diferenças entre o confinamento de março/abril e o atual, como já havia feito no debate com os restantes candidatos a Belém na manhã desta segunda-feira. Recordou que, na altura do primeiro confinamento, "boa parte da economia parou, ficou a agricultura e alguma indústria" e, "por causa do fecho das fronteiras, pararam as importações e exportações". "Não é o que se passa agora com as fronteiras abertas, (...) o número de fábricas a trabalhar é muito mais elevado. Aqui na Azambuja a maioria está a trabalhar", disse.
Quanto às medidas a tomar, Marcelo disse que "a situação é diferente" agora. "As pessoas que podem e devem confinar devem fazer um esforço. Sabemos como é difícil", declarou, sublinhando que o Governo vai tentando encontrar medidas que sejam aplicáveis, que reduzam a atividade, que permitam maior confinamento, mas que, ao mesmo tempo, também sejam eficazes".
Neste aspeto, o Presidente chamou à atenção que a eficácia das medidas, em relação àqueles que as devem cumprir, "depende muito dos próprios". "Os próprios têm de aderir. Se não aderem, o custo é maior, por um lado, na vida do dia a dia e é maior no Estado de Emergência".
Na visita à Misericórdia da Azambuja, o Presidente ouviu de uma responsável que sentia, por um instante, aquilo que era morrer à vista da praia, numa altura em que a vacinação está perto.
"Disse-lhe o seguinte: O caminho feito é um caminho longo, temos a sensação que o caminho por fazer é mais curto, não sabemos quanto é que é, dois meses, três meses, cinco meses, seis meses. Mas há que, todos os dias, ter energia e encontrar forma de a vida continuar. A vida pessoal familiar, económica e social, enfrentando uma situação até que um processo muito longo possa trazer a imunidade", contou.
Enquanto respondia aos jornalistas, Marcelo ouviu uma crítica de quem ali passava, que lhe disse que o Presidente devia estar também confinado. "Se estivesse confinado no Palácio de Belém, diziam: lá está ele, convencido, acha que já ganhou ou acha que não é importante a eleição", comentou.
O Presidente notou também que, em março, abril e maio, a sociedade "estava muito unida", tal como os partidos. E depois, os efeitos do cansaço é que, não só os partidos passam a ter várias opiniões que traduz a opinião pública.
Questionado sobre o jantar do Chega, que juntou 170 pessoas num restaurante em Braga, Marcelo não quis comentar.
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