Mesquita Nunes quis "alertar para crise", mas respeita resultado
O antigo vice-presidente do CDS-PP Adolfo Mesquita Nunes disse hoje que respeita o resultado da moção de confiança à direção do partido, aprovada com 54,3% dos votos, e que quis "alertar para uma crise de sobrevivência".
© Paulo Spranger/Global Imagens
Política CDS-PP
"Fiz aquilo que a consciência me ditava: alertar o partido para uma crise de sobrevivência", escreveu Mesquita Nunes na rede social Facebook, pouco depois de serem conhecidos os resultados.
"O Conselho Nacional entendeu de forma distinta. Está no seu mais legítimo direito. Como é evidente, respeito o resultado, assim como a avaliação positiva que o Conselho Nacional faz desta direção e da sua estratégia", acrescentou.
Na semana passada, Adolfo Mesquita Nunes propôs a realização de um Conselho Nacional para discutir a convocação de um congresso extraordinário (ainda este ano, antes das eleições autárquicas) para escolher a liderança, defendendo que esta direção "não conseguirá" resolver "a crise de sobrevivência" do partido, e dias depois anunciou que seria candidato a líder caso fosse marcado um congresso antecipado.
Em resposta, Francisco Rodrigues dos Santos, que está a meio do mandato, anunciou que iria submeter ao Conselho Nacional uma moção de confiança à sua direção, com o objetivo de "confirmar a legitimidade política" da sua liderança.
A moção foi aprovada esta madrugada pelo Conselho Nacional, com 54,3% de votos.
Na rede social Facebook, Mesquita Nunes escreveu que sabia "que o Conselho Nacional era, por natureza e pela sua presente exiguidade, o mais difícil órgão para apresentar uma proposta de marcação de Congresso", mas que escolheu fazê-lo "para poder respeitar as regras estatutárias".
Agradecendo os apoios de "todos os que acreditaram na mudança", o antigo vice-presidente do CDS-PP prometeu ainda empenhar-se nas próximas eleições autárquicas, sem no entanto esclarecer se será candidato. "Agora há eleições autárquicas e nelas estarei empenhado, na minha terra", escreveu.
A moção, apresentada pelo presidente do partido, Francisco Rodrigues dos Santos, votada através de voto secreto digital por 265 conselheiros (com recurso a um método que incluiu emails, mensagens de telemóvel e códigos de segurança), mereceu 144 votos a favor (54,3%), 113 votos contra (42,6%) e oito abstenções (3%), segundo Filipe Anacoreta Correia.
A votação arrancou pela 01:30, ainda durante a discussão da iniciativa, o que foi permitido pela aprovação de um requerimento nesse sentido.
Apesar de às 02:15 o presidente do Conselho Nacional ter anunciado que àquela hora já tinham votado 250 conselheiros, a decisão só foi divulgada no final de todas as intervenções, já depois das 04:00, ao fim de 16 horas de reunião.
Cerca de 250 membros do Conselho Nacional do CDS-PP estiveram reunidos desde as 12:10 de sábado, por videoconferência, para discutir e votar uma moção de confiança à Comissão Política Nacional apresentada pelo líder, Francisco Rodrigues dos Santos, depois de o antigo vice-presidente Adolfo Mesquita Nunes ter proposto a realização de um congresso eletivo antecipado (antes das autárquicas) e ter anunciado que será candidato à liderança caso essa reunião magna aconteça.
Esta reunião extraordinária do órgão máximo do CDS-PP entre congressos arrancou com uma demorada discussão sobre o modo que seria usado para a votação da moção de confiança.
Depois de ter indicado que colocaria à consideração do órgão máximo do partido o método de votação desta iniciativa, o presidente do Conselho Nacional afirmou que estava "assumida a proposta de voto secreto por via digital", após uma intervenção do líder, na qual Francisco Rodrigues dos Santos apontou não ter "medo" que a votação seja secreta.
Este era o método defendido pelos críticos, que foram defendendo que o parecer do Conselho Nacional de Jurisdição, emitido na sexta-feira, e que estabelece que "a votação de moções de confiança à Comissão Política Nacional deve ser realizada por escrutínio secreto", era vinculativo e deveria ser acatado.
Os trabalhos arrancaram à porta fechada, mas foram abertos aos jornalistas a partir das 15:45, após decisão do Conselho Nacional, estando a comunicação social a acompanhar a reunião na sede do CDS, em Lisboa, através de uma televisão.
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